O Pensamento Positivo pode ser um saco vazio

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O Pensamento Positivo pode ser um saco vazio

“…para os leigos, a famosa Lei da Atração,

proposta pelos estudiosos da física quântica,

se resumiu em Pensamento Positivo.”

Há alguns anos atrás, a física quântica trouxe uma nova visão sobre nossa relação com o universo, sustentando a ideia de que atraímos tudo aquilo em que colocamos foco e atenção.

De fato, foi uma contribuição de grande valor, que abriu caminho para uma nova linha de pensamento, de que nós determinamos a nossa própria realidade.

Esta visão chega a confrontar as bases sólidas da ciência, onde tudo é determinado pela matéria, e a visão da maioria das religiões, onde tudo é determinado por Deus.

No entanto, como somos bombardeados com a quantidade de informação diária, como qualquer outro conceito científico, para os leigos, a famosa Lei da Atração, proposta pelos estudiosos da física quântica, se resumiu em Pensamento Positivo. Quem não vai buscar a fundo leitura relevante sobre o tema, acaba aceitando e passando adiante.

Com os avanços das pesquisas em Psicologia Positiva, além das contribuições da Psicologia Cognitiva, da neurociência e claro, da física quântica, pode-se compreender o porquê do pensamento positivo ser um saco vazio.

Para Martin Seligman, psicólogo que iniciou os estudos formais da Psicologia Positiva, “o Pensamento Positivo envolve tentar acreditar em afirmações estimulantes, ainda que não haja evidências disso ou que as evidências sejam contrárias”.

Muitas pessoas não conseguem o que querem somente com a força do pensamento positivo. É necessário compreender as crenças que estão por trás do pessimismo, dos medos e do pensamento negativo.

“as pessoas não se alteram pelos
acontecimentos, mas sim pelo que pensam
sobre tais acontecimentos”.

O filósofo Epicteto, dizia que “as pessoas não se alteram pelos acontecimentos, mas sim pelo que pensam sobre tais acontecimentos”. Albert Ellis, psicólogo americano que desenvolveu a Terapia Racional Emotiva, tem uma lista de 11 crenças irracionais que o ser humano pode ter como verdade absoluta sobre ele mesmo ou sobre os outros.

Ao longo da vida, vamos formando nosso sistema de crenças e devido a elas, criamos expectativas irreais e super-generalizamos os acontecimentos. A super-generalização é a maneira como rotulamos as pessoas e a vida, acreditando que elas são assim e não podem mudar. Nossa performance fica afetada, pois nossas crenças irreais acabam nos conduzindo a tomar decisões baseadas em fatos isolados, como quando decidimos que se algo ocorrer uma vez, sempre vai acontecer.

E quando acreditamos nisso, não há muito o que podemos fazer, a não ser alimentar esta crença que vai acabar gerando mais situações que a reforcem, pois, a partir do momento em que construímos uma verdade, todas as nossas ações nos direcionam para um único caminho.

Seligman (2002), diz que o otimismo aprendido, ao contrário do simples pensamento positivo, está ligado à veracidade, e não a uma fantasia a qual muitas pessoas não conseguem sustentar.

Sim, é possível aprender e desenvolver o otimismo. Graças ao avanço da neurociência, é possível modificar nossos padrões de pensamento, esquemas mentais, ou então a palavra da moda: “mindset”.

Para Seligman, precisamos contestar nossas crenças, buscando saber o que existe por trás delas, investigando a fundo as evidências, que são muitas. Existem diversas causas para os acontecimentos.

“tudo em que eu coloco a mão dá errado”.

Como exemplo, vou citar a crença de um cliente, que dizia “tudo em que eu coloco a mão dá errado”. Neste caso, pedi para o cliente me mostrar um exemplo específico. Ele contou que tinha fechado duas empresas e que tinha sido demitido recentemente de um emprego. Ele estava atribuindo a responsabilidade a um rótulo de fracasso que ele acreditava ser verdade absoluta. Quando avaliamos caso a caso, pudemos perceber as evidências específicas presentes em cada caso. No caso de uma das empresas que fechou, as evidências encontradas foram várias: ele não tinha capital de giro para o negócio, não fez um bom planejamento, não estudou o mercado e os concorrentes, não negociou melhores preços com os fornecedores e não fez melhorias, sinalizadas pelos clientes.

Apenas neste exemplo, encontramos 5 causas para o fechamento da empresa, ou seja: elas não fecharam por ele estar à frente do negócio, como ele acreditava. Mas por diversos outros fatores.

Quando encontramos as evidências, sabemos exatamente os pontos que podemos melhorar para ter um resultado diferente.

O próximo passo, então, é analisar cada evidência e avaliar quais delas podemos mudar e quais não podemos. Normalmente o que podemos mudar são coisas que dependem somente do nosso esforço.

Depois disso, é necessário avaliar as implicações reais da situação. Nesta fase, também tendemos a super-generalizar. No caso do meu cliente, um acontecimento que ocorreu duas ou mais vezes determina que ele nunca mais vai conseguir um emprego? Para chegar a uma resposta, precisamos responder a seguinte pergunta, proposta por Seligman: quais as piores possibilidades possíveis?

A última etapa do otimismo aprendido, diz respeito à utilidade do pensamento. É uma pergunta que temos que nos fazer: este pensamento está me levando a algum lugar?

Desta forma, podemos enxergar com mais clareza o que podemos modificar na situação no futuro.

“Devo ignorar a força do pensamento positivo?”

Devo ignorar a força do pensamento positivo? De forma alguma estou te orientando a ignorar. Estou apenas mostrando que pode ser que você não consiga chegar lá apenas desta forma. Que as dificuldades que surgem em sustentar um pensamento positivo podem ter origem nas crenças.

Mas mesmo sem este trabalho detalhado das crenças, muitas pessoas ainda conseguem o que querem através do Poder Mental, ou da força do Pensamento Positivo. E qual a explicação para isso?

“A maneira como pensamos sobre o
mundo determina nossas decisões.”

Existe uma coisa muito maior que nós que é a consciência universal ou a consciência UNA. E tudo o que queremos deve estar alinhado com esta consciência. É uma verdade que não é apenas nossa, mas de todos. É algo que tem a ver com nosso propósito de vida, nossa missão. É uma visão universal. Uma visão que fala sobre escolhas que sejam melhores para nós, que tem a ver com nosso florescimento na vida, que vão de acordo com nossa consciência e nossa compreensão sobre o sentido do mundo. É o que fala a assumidade em ativismo quântico, Amit Goswami. A maneira como pensamos sobre o mundo determina nossas decisões.

E as pessoas que conseguem alcançar esta consciência universal, tomam suas decisões baseadas nela, sabem escolher o que é melhor para si e onde muitos de nós temos dúvidas, elas têm certeza do caminho a seguir, pois sabem que tudo ocorre dentro delas. Lidam com as crenças de forma natural, percebem seus boicotadores internos e sabem exatamente aonde devem chegar e que tudo depende de si.

Alcançar esta consciência é seguir o nosso “sentir”, é ser realista com nossas ambições, entender nossas emoções e perceber os sinais que a vida nos dá a todo momento. E isto só pode ser alcançado através da nossa abertura para uma visão de mundo centrada no universo do qual você faz parte.

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Cintia Suplicy
Cintia Suplicy
Psicóloga com Formação em Psicologia Positiva, Master Coach e Coach de Bem-Estar e Saúde. Palestrante, docente, idealizadora e co-fundadora do Portal Reescreva-se. Escritora nas horas vagas. “Falar sobre Felicidade e Bem-Estar é um desafio em um mundo que ainda cultiva o pessimismo e que acredita que a felicidade é feita de momentos. Minha intenção aqui é mostrar a ciência que estuda a Felicidade e fornecer ferramentas e reflexões para ajudar as pessoas a aumentarem o grau de satisfação em suas vidas, além de abordar assuntos que auxiliam no processo do autoconhecimento, passeando pelos campos da ciência e pela espiritualidade” Saiba mais sobre Cintia
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