A rejeição assusta, dói muito, mas sempre passa…

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A rejeição assusta, dói muito, mas sempre passa…

Rejeição, esperança. amor

A rejeição é achar que não posso ser aceito. Também é sentir-se desprezado, desvalorizado, achar que não somos bons o suficiente e que fizemos algo errado.

Vou falar de um assunto que já ocorreu com a maioria de nós, uma ou várias vezes na vida. Sempre que acontece achamos que vamos tirar de letra, afinal já passamos por isso antes e deveríamos saber lidar com essa situação. Mas a verdade nua e crua é: Não sabemos.  Quando somos rejeitados por amor, sentimos uma dor imensa, mas dói tanto, mas tanto, que achamos que nunca mais vamos parar de sofrer. Ocorre uma revolução dentro da gente. Nossas emoções, nossa autoestima (nosso ego), ficam tão machucados que é não raro entramos em uma tristeza profunda que acaba nos levando a depressão.

A dor de uma separação que não foi querida por nós, nos faz questionar o que fizemos para merecer isso, onde foi que erramos? Achamos que a culpa é nossa, que temos algum problema. Se somos trocados por outra(o) então? Nossa!  daí a paranoia é maior. O que o outro (a) tem que eu não tenho?

Carlos Drummond de Andrade dizia

“A dor é inevitável. O sofrimento é opcional

 Será isso verdade? Como fazemos para não sofrer se sentimos dor? Conseguimos “optar” estando mergulhados nela até a alma?

A verdade é que às vezes saberemos por que fomos “rejeitados”, mas na maioria das vezes não. É algo dolorido, sofrido, não é bom, mas faz parte da vida. E não sofremos rejeição apenas nos relacionamentos, em outras áreas da vida ela está presente também. O grau de intensidade da dor vai ser relativo ao que ela representa para nós. É sempre um baque no nosso ego, que fica ferido e custa a se recuperar. Sentimos-nos fragilizados, tentamos reverter a situação, alguns se humilham, expondo sua autoestima em baixa perante o outro, o que com certeza acaba nos desvalorizando aos olhos daquele que não nos quer mais em sua vida.

  “A maioria das vezes a pessoa que rejeita, está rejeitando uma situação e não a pessoa em si.”

Ninguém conhece ninguém, mesmo estando anos ao lado da pessoa. Então como posso rejeitar alguém que nunca saberei direito como é? Mostramos aquilo que queremos aos outros. Não quer dizer que estamos mentindo ou enganando, mas não somos os mesmos sempre. Mudamos nosso comportamento frente a situações e pessoas. Não somos sempre iguais. Um fato que ajuda a passar por esse momento é descobrir porque fomos rejeitados, o que acontece com o outro. A partir daí fica mais fácil elaborar o que está acontecendo, mas nem sempre isso é possível. A terapeuta de casais Marina Vasconcellos diz que:

“O ser humano tem necessidade de ser aprovado, de ser aceito”. Pertencer a uma sociedade, a uma família, é uma necessidade básica. E a rejeição tira esse direito, fica um vazio. A sensação é profunda: “Dói no peito, parece que estão enfiando uma faca”.

Estudos recentes feitos nos Estados Unidos dizem que a dor da rejeição é a mesma da dor física. Fato é que a rejeição nos causa além de dor, medo! Medo que é anterior ao ato da rejeição em si. Mas que fica ali povoando nossos pensamentos. Medo de sermos humilhados, abandonados, rejeitados numa vaga de emprego? Não ser aceito no time da escola, no trabalho em grupo, medo de ser rejeitado por não corresponder as características físicas que são consideradas pela sociedade como ideal. Enfim arrumamos desculpas para a rejeição, achamos que tudo é pessoal.

A rejeição também tem conexão com o preconceito. Nosso e dos outros. Por preconceito, rejeitamos. E nem nos damos conta de que é preconceito. Deixamos de fazer inúmeras coisas por medo da rejeição. Nem tentamos, o medo nos impede. E quando a rejeição de fato acontece nos sentimos os piores seres do mundo. Depois desse sentimento de dor, passamos para a raiva, é uma maneira de nos defendermos contra aquilo que está nos causando dor e frustração. Mudar.

“Precisamos mudar atitudes e pensamentos.”

Cada um tem o seu tempo para lidar com a dor da rejeição, para juntar os caquinhos. Mesmo achando que ela nunca vai passar, quando você menos espera se dá conta que já não está doendo tanto. Quando foi mesmo que isso começou a acontecer? Não importa o tempo realmente cura tudo, ou quase, bem… Se não cura, ameniza. E você começa a sorrir aos poucos, a ver a alegria voltando, os sonhos se instalando de novo, a solidão das noites longas e insones quando era visitado pelo medo vão diminuindo aos poucos. O medo não vai embora de vez. Ele está sempre por ali. É esquecido quando estamos felizes, nos sentindo amados, mas no fundo persiste aquela ideia de “isso pode acabar” e como vai ser? Passar por todo o sofrimento de novo? Como diz Rubem Alves:

“Nós temos uma capacidade quase infinita de suportar a dor, desde que haja esperança. Se diz que a esperança é a última que morre.”

É a esperança que nos move. Não nos deixa esmorecer, nos dá ânimo para recomeçar. Quando falamos de amor, da dor da rejeição, de um amor que acabou quando não queríamos que acabasse, só conseguimos seguir adiante quando acreditamos que um novo amor vai surgir. Acredito que podemos e devemos tentar ser feliz sem depender do amor de outra pessoa para isso. Mas nem todos conseguem. Alguns só são feliz assim,compartilhando a vida, amando e sendo amado.

Temos em primeiro lugar que nos amarmos. Depois temos que entender que sermos rejeitados por alguém não tem a ver com a nossa maneira de ser, ou com algo que fizemos e sim com um processo que não é nosso, é do outro. Tem a ver com amadurecimento de cada um, com o tempo de cada um. Se conseguir entender isso, vou querer sempre o bem do outro. Ora, se eu me amo, vou querer alguém que me ame também. Que esteja em sintonia comigo.

Respeitar o processo que cada um vivencia e entender que as vezes não existe mais lugar para a gente na vida do outro, são aprendizados que ocorrem ao longo da vida, e que nos fazem amadurecer. Como dizia Vinícius de Moraes…”

 “A maior solidão é a do ser que não ama”.

Então não vamos deixar de amar por medo da rejeição!


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Mariene Hildebrando
Mariene Hildebrando
Mariene Hildebrando Natural de Porto Alegre, Mariene é advogada formada pela PUC-RS, professora de Direito e especialista em Direitos Humanos. Escritora nas horas vagas. Apaixonada por viagens, por pessoas, música e poesias. Adora escrever, trocar ideias e apostar no ser humano sempre. Ela que é mãe de duas meninas lindas (adultas já), acredita firmemente que o amor move o mundo e é só através de relações de amor e doação que conseguimos ser inteiros e mais felizes. “Escrever é algo que me deixa muito feliz. Sou, professora, adoro dar aula, é algo que me desafia sempre, sou intensa e muito distraída”. Saiba mais sobre Mariene
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