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As 5 emoções básicas y otras cositas más

Amor ou Nojo? O que eu preferiria ter

como recurso, se eu fosse viver, o resto

dos meus dias numa ilha deserta?

O Nojo, claro! Mas, só se eu fosse viver

numa ilha deserta pelo resto dos meus dias!

Ontem eu me permiti acontecer para um encontro muito interessante. Hoje, eu aconteço para uma decisão muito importante pra minha vida, por conta desse encontro. 

Bom, nesse encontro de ontem, para montar a grade de uma Pós, linda, de Gestão Estratégica, Ciências do Cérebro e Humanidades, estávamos eu, Marcello Árias Danucalov e José Ricardo Barcelos Grilo. Eu nos definiria, rudimentarmente, como pesquisadores apaixonados pelas ciências do comportamento e ávidos por informação. Vai dai que era mesmo de se esperar que algumas trocas de informações acontecessem, até pra definirmos a partir de que pontos de vista as coisas seriam tratadas nas matérias dessa pós.

As 5 emoções

Primeiro, perguntei ao Marcello sobre algo que tá me encafifando faz tempo. A história das 5 emoções básicas que, segundo a Análise Transacional do Eric Berne e o Psicodrama do Moreno, são Medo; Alegria; Raiva; Tristeza e Amor. A famosa MARTA. E, segundo António Damásio são as mesmas 4 primeiras e a 5ª seria o Nojo.

Me explica o Marcello que as 5 emoções, sendo a 5ª o Nojo, são externalizáveis, digamos assim. Dito de outra forma, são universalmente perceptíveis do Oiapoque ao Chuí. Aparece na cara da criatura. Ele também me lembra do trabalho fantástico do Paul Ekman em seu estudo sobre as expressões e as micro-expressões. Mas o Amor, não. O Amor é uma coisa que acontece dentro da gente e pode ser interpretado de várias formas. Eu não posso sequer identificar que alguém me ama, se tomar como base apenas a expressão da pessoa.

Ali pelas tantas, o Marcello solta essa frase bombástica do Hume. Mais ou menos assim: “Somos seres de generosidade restrita. Só amamos quem apresenta potencial pra nos entristecer.” Ou seja, exemplificou ele, no hospital estão sua filha e, na cama ao lado, um chinesinho, ambos com uma baita diarreia. Porque sua filha tem potencial pra te entristecer, você fica maluco, quer fazer das tripas coração pra tirar a dor e o sofrimento dela. E o chinesinho lá… Sacou?

Somos seres egoístas, dizia Hume em seu Tratado, eu te amo porque você pode me fazer sofrer; me deixar triste, então eu cuido de você, pra não sofrer caso você sofra. Caso contrário, tô nem aí p’a tu.

Deixa eu ver, porque você pode me entristecer, eu te amo.

O meu jeito de pensar, porque eu te amo, eu me importo com o que acontece à você, por isso posso ficar triste se você estiver sofrendo. Porque eu te amo.

Eu sei, eu sei. Isso tá mais com cara de qual o segredo de Tostinês do que de Filosofia. Mas é como eu vejo. E, depois, “vende mais porque é mais fresquinho ou é mais fresquinho porque vende mais?” não é filosofia (ainda que com ‘f’ minúsculo)? Qual o segredo, Mestre?

Mas…Vamos à alguns fatos

O rapazinho tinha pouco mais de 28 anos quando teve essa sacada brilhante.

Não sei vocês, mas eu, com 28 anos, mal dava conta de UM relacionamento de 7 anos, com UM humano só! E, se soubesse, naquele tempo, o que eu sei agora, bem… já deduziu, né?

Veja bem, não estou afirmando que pessoas jovens não possam ter um vislumbre brilhante das coisas, ou de alguma coisa, sobre os fatos da vida. Não, não. Eu só queria muito saber o que ele pensou ali pelos seus 60 anos de vida. E, mais ainda, eu gostaria de saber o que ele faria com suas ideias sobre a generosidade restrita da natureza humana se, em sua época, tivessem vivido Madre Teresa de Calcutá, Nelson Mandela e Mahatma Gandhi.

Outros fatos…

O ‘seu’ Teodoro, pai do meu primeiro marido, se visse um mendigo sofrendo de frio na rua, tirava casaco, paletó, camisa e meias; dava pra ele e voltava pra casa só com as calças e a camiseta regata branca. Tenho pra mim, que se não fosse atentado ao pudor, ele voltaria só de cuecas pra esconder ‘as vergonha’!

Quando eu tinha 18 anos e namorava com meu atual marido, sempre que estávamos passeando a pé, se eu passasse por algum morador de rua, eu me entristecia de tal forma que chorava o resto da noite, absolutamente inconformada com a situação dele, com a miséria humana e coma dor de um perfeito desconhecido. E, aí, claro, adeus namoro de sábado à noite, por exemplo. Então, estrategicamente, meu namorado (até hoje), ia escaneando a rua, metros ANTES, para desviar para a outra calçada se visse ainda que fosse só uma pilha de caixas vazias, na calçada em que estávamos.

Claro que esse perfeito desconhecido poderia estar ali porque matou alguém e perdeu tudo que tinha. Mas aí já é uma coisa pra ele resolver com a consciência dele. A única que eu boto no travesseiro à noite é a minha. E a minha sofria pra valer com a dor que ele pudesse estar sentindo. De fato, tenho 53 anos e ainda dói! Diria Giacomo Rizzolatti (2006) que minha região parietofrontal (ou área F5) é do tamanho de Júpiter!

Somos seres de generosidade restrita. Sei…

Me corrijam se eu estiver errada, mas pra provar que nem todos os cisnes são brancos, basta encontrar UM cisne negro. Né?

Minha conclusão

Prefiro mesmo manter minha teoria de que o 5º elemento das emoções é mesmo o Amor. E paz-ciência se ele não pode ser identificado pela expressão. Já me iludi com tantas mesmo, uma a mais, uma a menos… Pelo menos, isso dá mais sentido à minha vida. Por sinal, a única que eu posso viver e, a partir da qual, posso fazer alguma diferença nesse mundo, enquanto eu estiver nele. Talvez Hume esteja certo afinal. Talvez eu ame a humanidade porque ela tem potencial pra me deixar triste. Mas se é humanidade, não é lá muito restrito. É…? 😉

Em tempo

Depois, no WhatsApp, o Marcello mandou a seguinte pergunta: “É possível informar sem deformar?”

Respondi: Duvi D O do!

E duvido mesmo.

Mas, então ele perguntou de novo: “E até que ponto uma informação deformada tem validade?”

Bem, deformação não é deformidade. Não é necessariamente uma coisa ruim de acontecer. Minha ideia ‘tava formada de um jeito, levou um tremendo chacoalhão e ficou de outra forma. Ainda assim, #tamojunto, Má.


David Hume e seu “Resumo de Tratado da Natureza Humana”

Conta o livro, que “este resumo foi publicado anonimamente pelo filósofo com o objetivo de chamar a atenção do público para a importância e originalidade do Tratado da Natureza Humana, o qual, segundo a apreciação do próprio Hume, teria vindo à luz do mundo como natimorto.” Trocando em miúdos, ele achava que isso aqui ‘tava mais palatável que aquilo lá.


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Inês Cozzo
Inês Cozzo
Palestrante, consultora e escritora internacional com mais de 30 anos de carreira em Neurociência. Diretora da T’AI Consultoria e Vice-Presidente da Neurobusiness.org. “Pretendo trazer conteúdos sobre neurociências, psicologia, administração e outras ciências humanas e biológicas com o propósito de ajudar as pessoas em seus processos de autoconhecimentos e atualização pessoal e professional no que se refere à comportamento humano e negócios.” Saiba mais sobre Inês
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