Baita mulherão da porra

Pausa, Bem-estar
Pausa: momento mágico para cultivar o bem-estar
2 de março de 2018
Sabor, alimentação saudável
Sabor, saúde e praticidade na alimentação da mulher moderna?
5 de março de 2018
Mostrar todos

Baita mulherão da porra

Mulherão, mulher,

Mais uma da série, lá vem ela falar das mulheres, ao que respondo: VOU.

Nos últimos tempos, uma epidemia de “baita mulherão da porra”, tomou conta das redes sociais.

Prazer, Rúbia Zanettini, filha de um mulherão da porra, como todas somos.

Abaixo explicarei com muito respeito, minha visão como livre pensadora, sobre “O Baita Mulherão da Porra”. Enfatizando que é a nível de ocidente, pois ainda hoje – em pleno século XXI, há países que sequer é cogitado o movimento feminino. Eu seria apedrejada por escrever esse texto. Aliás, de algum modo, eu sou. Mas isso é tema para outra ocasião.

O meu foco em escrever sobre o ser mulher, sempre foi muito mais abrangente do que definir a mulher no que podemos exercer, como por exemplo, assumir cargos exclusivos historicamente dos homens, a liberdade sexual (não libertinagem, que fere a ambos os sexos), ter ou não filhos, se dedicar somente ao lar e a lista segue, porque o movimento feminino veio pra isso mesmo, exercer a liberdade de escolha sem seguir as normas pré determinadas por séculos de opressão. Deveria ser isso mesmo, mas em se tratando de humano, geralmente não é assim tão simples e romântico. É complexo e com raízes profundas no patriarcado, esse que muitas vezes é gerido até mesmo por mulheres, o “status quo” nosso de cada dia.

Obviamente, precisamos entender muitas questões, ambiente onde nascemos, costumes, educação familiar, escolar, religiosa e ainda o sentido de entender quem realmente somos na individualidade, exploração essa que muitas vezes não nos é permitida. O famoso consciente coletivo, inconsciente na maior parte das vezes.

Mas, e sobre “ mulherão da porra ”?

Ah, a mulher da porra… Termo que surgiu como conotação de poder, esse que pode cair em total descrédito, já que poder, segundo a própria história nos conta, acaba muitas vezes por nos corromper.

A mulher da porra, não é somente aquela que tem “corpão”, que se renova externamente com um corte novo de cabelo, uma roupa diferente do seu uso habitual, um corpo trabalhado na academia ou em mesas de cirurgia. Tudo isso é válido, se for realmente algo que vem de dentro, do despir das imposições.

Cadastre abaixo o seu e-mail e receba os destaques do nCiclos

Também não é aquela que “se larga de mão”, quase como uma mártir, abdicando de ser ela mesma em prol de servir a todos ou aquela que se dedica somente ao esclarecer da mente, reclusa no santuário sagrado do seu eu, tornando muitas de nós inacessíveis. Somos todas essas e principalmente, para nós mesmas.

Só podemos ser para algo ou alguém,

quando somos para nós mesmas

de forma natural e respeitosa

a nossa essência.

Não há que se julgar escolhas, sejamos o que quisermos, mas a questão é, sabemos realmente o que queremos?

Ao relermos o que foi escrito acima, há mais funções para estar mulher do que ser e há uma enorme diferença entre ser e estar.

A liberdade de ser ainda que pouco falada é a mais sentida e procurada.

É por ela que buscamos. A liberdade de apenas ser.

Óbvio que estaremos desempenhando nossas funções, óbvio que ser independente faz parte do processo de trazer nós mulheres para perto da liberdade. No entanto, o que assistimos são discursos pesados. Há uma frase que ao meu ver é uma das mais cruéis, “não quiseram a igualdade, aguentem”, como se fosse um castigo, uma vingança perante nossa libertação, acarretando uma culpa descabida sobre o nosso querer e automaticamente ao nosso ser, gerando dúvidas e questionamentos sem dó.

Isso nos divide. Isso nos conquista. Isso faz com que fiquemos cansadas. Isso faz com que muitas de nós desistam. Isso escraviza o nosso ser.

Sentada aqui, escrevendo um
livre pensar, exerço o meu eu,
que é tão meu, que incomoda.

Acreditem, incomoda até as próprias mulheres. Não as culpo. Sei o que há por trás disto.

Não quero escrever para doutrinar, não sou feminazi, muito menos odeio os homens, em outra oportunidade escreverei mais sobre isso, não almejo fama, não busco aceitação, até porque eu sei, isso mais exclui do que inclui. Toca na ferida que sangra há séculos, afasta relacionamentos, sejam eles quais forem e gera desconforto. Mas, analisando o cenário atual, caso isso venha a ocorrer e  sendo bem otimista, estou exercendo bem o legado deixado por mulheres de outrora, sem pretensões diante destas. Por acaso já leram, por que o dia oito de março foi declarado o Dia Internacional da Mulher? Ou conhecem autoras famosas, ícones do movimento feminino brasileiro, como por exemplo Nísia Floresta?


Aproveite o embalo para ler: Nasceríamos mulheres todas as vezes que nos fosse dada a escolha


Sabiam que o Rock N’Roll foi inventado por uma mulher, Rosetta Tharpe? E a lista segue em todos os segmentos, onde só nos recordamos dos homens como protagonista.

As leio e as ouço em seus discursos tão bem colocados e infelizmente, esquecidos. Seja nas artes, nas ciências, na política.  Mulheres que foram criadas para a função de ser esposas e procriadoras tão somente, em épocas onde a elas não era dada nenhuma escolha. Sem amor, sem querer, apenas para o que lhes foi designado, devido ao fato de nascerem mulheres, e que mesmo assim, lutaram contra as regras que lhes tolhia o ser.

Muitas foram exiladas, queimadas, chicoteadas, caluniadas, presas, torturadas em todos os níveis, financeira, emocional e psicologicamente. Lhes tiravam seus filhos, lhes tiravam sua pátria, lhes tiravam o prazer, lhes tiravam a referência do que é ser humano, chegando a extremos de serem internadas como loucas e o pior, mortas. O fato é, hoje nós podemos exercer nossos direitos, exercer nossa civilidade e tantas outras conquistas, graças a elas. Muitas nem sequer puderam ver e usufruir de tais conquistas. Essas sim são as verdadeiras “mulheres da porra”. Nosso respeito e gratidão.

Pergunto a vocês, mulheres da porra, estamos apenas continuando com o legado deixado ou estamos deturpando ao bel prazer, fomentando o patriarcado?

Me coloco no balaio, porque sei o quanto é complexo viver e driblar tantas normas que nem deveriam mais fazer parte do nosso dia a dia. Não se culpem por se perderem algumas vezes, porque infelizmente, muito do que nos é permitido, foi para nos dar uma ilusão de que podemos. Nossa mão de obra fomenta a economia, então é viável, movimenta o comércio de consumo desenfreado, mas quando pensamos, agimos e fazemos fora do contexto aí é afronta.

Façamos o que precisa ser feito, nas funções de estar mulher sem deixar de exercer o nosso ser, uma coisa não exclui a outra e principalmente não sejamos levianas com elas, as vozes do passado, que tanto fizeram e que lutaram por nós e mesmo assim, há muito ainda por ser feito. Está em nossas mãos.

Por mim mesma, aprendiz dessas “mulheres da porra”.

Rúbia Almeida.

Hoje Oito de Março de 2018 Dia Internacional da Mulher, assino o nome da Têtê, Senhora Terezinha, minha mãe, meu exemplo de amor e mulher da porra.

Felicidades a todas nós, as “baita Mulherão da Porra”.


Leia também: O que uma mulher pode aprender tendo um homem como amigo?


comentários

 

Rubia Zanettini
Rubia Zanettini
Nascida em Capão Bonito, interior paulista. Uma “pé vermeio" com muito orgulho. Não sou jornalista e não sou escritora. Prefiro me definir como escrevedora. Escrever é um atrevimento e por amor tão somente. Formada professora nos bancos da escola. Micro empresária na área de Informática. Apreciadora de artes. "Meus textos basicamente são conversas com os leitores. Acredito que todos têm a contribuir com suas vivências. Cada ser carrega isso dentro de si, apenas esperando o despertar correto, que possam vir através das letras em forma de diálogos. Nada é estático ou absoluto no Universo. Meus textos buscam esse foco. Sinto por vezes, que o nosso planeta, no nível de consciência humana, está à parte dele, e isso tem nos deixado perdidos quanto a nossa verdadeira missão ao ter vida, que é simplesmente viver, evoluir, sem transgredir nossas raízes ancestrais e culturais. Se conhecer, aprimorar e crescer." Saiba mais sobre Rúbia    
0