Muito se fala hoje em dia sobre a Governança nas corporações. E quando falamos sobre o tema, geralmente nos vem a imagem grandes corporações. E como já existem muitos conceitos formados, raramente fazemos perguntas como: Governança é só para grandes empresas? O que esperamos como resultados concretos de um processo de governança? Qual processo de Governança ideal para alcançarmos os resultados pretendidos?

Para compreender melhor o que é e para que serve um processo de Governança, proponho uma breve reflexão: imaginem um empreendedor de 50 anos, que apenas possa atuar e tomar decisões a partir de suas experiências adquiridas até os 21 anos!

Que resultados poderíamos esperar? Seria diferente se ele pudesse se utilizar de toda sua experiência de vida, sem esta determinada restrição de idade?

Não é difícil perceber que no segundo caso o empreendimento tenderia a ser mais saudável, pois muitos erros aprendidos com a experiência de vida poderiam ser evitados.

É errando e acertando que se dá nosso processo de aprendizagem. Podemos então reconhecer o processo de aprendizagem como um fator importante de sucesso e perpetuação dos empreendimentos.

A grande questão é que temos dedicado muito tempo para o fazer, para o empreender, mas muito pouco tempo para aprender com nossas experiências.

Normalmente a rotina do dia a dia nos toma e entramos num processo de “fazeção” sem fim. Mesmo quando optamos por refletir para aprender, poucas pessoas têm por hábito criar processos formais que pudessem potencializar esta aprendizagem. E é justamente aí que entra a Governança.

O principal papel da Governança é apoiar para que as pessoas, e consequentemente organizações, possam corrigir constantemente sua rota para que seu propósito e sua visão de futuro se concretizem. A Governança traz consciência e constância ao processo de aprendizagem.

Aprendizagem e desenvolvimento são também fundamentais para a saúde do ser humano, como observou C. G. Jung:

“O plano de desenvolvimento está inscrito dentro de nós.

Se nos desviamos dele e estes desvios são sempre trabalho do 

consciente, sobrevém a neurose. Reencontrar com seu

plano pessoal de desenvolvimento é a cura. Quem

segue seu próprio caminho não pode tornar-se neurótico.”

Em nossa experiência de Governança na Nexxo* é visível a evolução constante de nossos processos, tanto em nossas consultorias e treinamento, quanto em nossa gestão interna. Ela acontece de forma ritmada e dentro de um processo formal, seguindo três princípios básicos sequenciados:

Reconhecer:

Buscamos reconhecer os fenômenos como eles são, observar os fatos e dados com imparcialidade. Um olhar cuidadoso para a situação financeira da empresa, o nível de fidelidade alcançados junto aos clientes, ou se a entrega está acontecendo conforme proposto, são constantes em nosso processo. Também é fundamental reconhecer as necessidades das partes envolvidas: as necessidades dos clientes e/ou dos demais stakeholders envolvidos (dentro do tema que está sendo observado), incluindo as nossas próprias necessidades pessoais.

Integrar:

Uma vez reconhecidos os fatos e fenômenos, criamos as condições para proporcionar uma maior harmonia entre as partes. Uma pergunta que sempre nos segue aqui é: como podemos agir para integrar (e não para segregar)? Neste sentido se torna fundamental que tenhamos a consciência dos desafios que se colocam diante de nós, para que possamos ser atores desta harmonia. Precisamos ter a coragem de identificar qual é a pergunta de aprendizagem que se coloca diante de nós, uma pergunta verdadeira que esteja em ressonância com o nosso coração. Ela tem a ver com “o que temos que aprender para que possamos ser protagonistas deste processo de integração?”.

Renovar:

O terceiro passo nos coloca rumo ao futuro, ao que de novo precisa surgir para alcançarmos esta integração: o que temos que fazer para desenvolver e melhorar o que fazemos? O que de concreto iremos transformar para renovar? O que cada um se compromete e quando?

Quando adotamos a Governança como um processo rotineiro, se conseguimos criar as condições para um diálogo franco e verdadeiro, o resultado é surpreendente. É possível perceber, a cada dia, a melhoria da qualidade do que fazemos. O grande desafio aqui é a abertura do empreendedor para ouvir e lidar com perguntas desafiadoras.

Criar algo novo exige desapegar do que ficou velho e não funciona mais. Requer desprendimento. Por este motivo o processo de Governança é totalmente horizontal, sendo totalmente comprometida quando executada por pessoas de diferentes níveis hierárquicos.

“Como fazer Governança se sou o único sócio

do empreendimento, ou se sou um profissional liberal?”

A partir disso muitos podem perguntar: como fazer Governança se sou o único sócio do empreendimento, ou se sou um profissional liberal? Nestes casos o ideal é formar pequenos grupos de pessoas que tenham o perfil adequado para esta finalidade, pessoas que igualmente estejam também dispostas a se colocar num caminho de desenvolvimento, já que o ideal é que todos os envolvidos vivenciem este processo de Governança, cada um em a partir de sua realidade.

Estamos vivenciando uma nova era, onde a colaboração não é apenas algo interessante, mas passou a ser algo vital no desenvolvimento e sustentabilidade dos negócios.

Os empreendedores contemporâneos que não optarem por um caminho consciente de aprendizagem e melhoria contínua enfrentarão muitas dificuldades para manter seus negócios vivos e saudáveis. Por isso convido ao leitor a criar um processo formal de Governança, com princípios e processos claros.

Estabeleça um ritmo de encontros e cuidem para mantê-lo, com horário de início e fim das reuniões, e avaliem o próprio processo de aprendizagem ao final de cada encontro, e incorporem em suas práticas o que identificarem que pode contribuir de forma positiva. Tenho certeza que os resultados do que vocês podem criar juntos irão surpreender a todos!

* Nexxo Escola de Negócios e Consultoria

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