“Mas afinal, o que é autocontrole?
Quem manda aqui não sou eu?”
Se pudesse escolher uma capacidade para ganhar de presente escolheria o autocontrole. Para quem tem o domínio sobre si mesmo o céu é o limite. Mas afinal, o que é autocontrole? Quem manda aqui não sou eu? Então porque comi uma barra de chocolate se sei que estou de dieta? Porque não acordei às cinco da manhã para ir à academia? Porque não fiquei estudando para um concurso importante que poderia garantir meu futuro e ao invés disso fui assistir TV?
Porque o ser humano é complexo e o almejado autocontrole nada mais é que o domínio da alma pelo espírito. Ou seja: quando meu Eu manda em minha alma e tem pleno domínio de suas capacidades (pensar, sentir e agir). Resumindo: autocontrole é fazer o que Eu quero e não o que o corpo deseja.
É uma empreitada para toda vida. Pode ser facilitada na infância e exercitada na vida adulta se nos empenharmos para tanto. Sem sombra de dúvida vale o esforço. Tanto que esta conquista é incentivada desde a infância, representada na maioria dos contos de fada pelo casamento do príncipe (EU – espírito) com a princesa (a alma). Estes contos também apontam para os perigos e sacrifícios exigidos na demanda. Quem é o vilão da história? Alguns dos diversos vilões representam as exigências do corpo que tentam impedir este casamento. E assim fica a alma humana, ora requisitada pelos desejos do corpo, ora solicitada pelos ideais do espírito.
No primeiro, do nascimento aos 21 anos, observamos que nossa individualidade aprende a utilizar o corpo: aprendemos a nos mover, andar, falar, etc. Quando achamos que já sabemos tudo passamos pela grande transformação da adolescência, mudando de peso, proporções e temos de nos readaptar a este corpo que mudou. Nesta fase, quanto mais novos somos, mais a alma está vinculada aos desejos e necessidades do corpo. A criança exige a imediata satisfação de suas necessidades corporais, tornando-se irritadiça quando está com fome, sono ou vontade de fazer xixi, por exemplo. As capacidades da alma de pensar, sentir e querer são aprisionadas pelas necessidades corpóreas e não conseguem se libertar delas.
“À medida que crescemos a alma vai
aprendendo a escutar a voz de nosso espírito…”
À medida que crescemos a alma vai aprendendo a escutar a voz de nosso espírito (nossa individualidade) quando ela, por exemplo, diz que temos que estudar ainda mais um pouco antes de poder dormir, embora o corpo já sinta sono. A partir de então o relacionamento entre corpo, alma e espírito vai se tornar cada vez mais pessoal. Existem pessoas que vivem tão somente para satisfazer os desejos do corpo, ou seja, se a carne do churrasco está garantida e tem cerveja na geladeira está tudo certo. E existem pessoas como Mahatma Gandhi que em certo momento de sua vida tomou a decisão de não comer enquanto hindus e muçulmanos não parassem de brigar. Tamanho era o domínio de seu espírito sobre a alma que de nada valeram as súplicas do corpo pedindo por comida. E passou por um longo período de jejum até que as agressões cessaram.
Cadastre abaixo o seu e-mail e
receba os destaques do nCiclos