Nunca saberemos o quão forte somos
até que ser forte seja a única escolha.
Para marcar o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata o nCiclos traz a história de força e superação de Marcos Barreto, mostrando que além da importância do diagnóstico precoce e do tratamento, manter uma atitude positiva é essencial no processo de cura.
Aos 51 anos, com estilo de vida bem saudável, no início de um novo relacionamento amoroso e com muita alegria de viver…
Acredito que as experiências vividas devem ser sempre lembradas e compartilhadas.
Há um ano atrás fui diagnosticado com um adenocarcinoma maligno na próstata – câncer de próstata. O primeiro sentimento que me ocorreu foi que chegou o meu fim.
Tudo começou em meados de setembro de 2016 quando comecei a ir ao banheiro com mais frequência que o habitual. Depois, com o aumento do volume da próstata, passei a ter dores e muita dificuldade para urinar. Foi quando comecei a investigar o que estava acontecendo.
No início as suspeitas eram de uma prostatite. Fiz o tratamento, mas o meu PSA não parou de aumentar. No final de novembro realizei exames mais profundos, já acreditando que era um câncer.
Comecei fazendo uma biópsia da próstata que confirmou a suspeita. A partir daí, fiz RX do tórax, tomografia computadorizada e cintilografia para ver a extensão do câncer.
Os exames confirmaram que o câncer já tinha metástases na região pélvica e nos ossos da bacia. Todos esses exames foram feitos de forma particular para adiantar o processo.
De posse dos exames recorri ao SUS para iniciar o tratamento. Fui muito bem atendido e gostaria de dizer que o SUS funciona bem, desde que estejamos bem orientados. O fato de ter feito os exames de diagnósticos de forma particular adiantou o processo em no mínimo 3 meses. Durante o tratamento realizei três cirurgias (duas RTU* e uma Orquiectomia*) e 35 sessões de radioterapia.
Após o tratamento o meu PSA total caiu de 47,97 (geralmente os indivíduos saudáveis têm valores de PSA total inferiores a 4 ng/m) para 1,93. Não estou curado, mas a doença está controlada. Agora terei que fazer exames de três em três meses para acompanhar e confirmar se o PSA continua caindo.
Sempre ouvi dizer que não tendo casos na família é mais difícil o câncer aparecer e que que o câncer é uma doença silenciosa e sem dor.
Pois é, não existem casos semelhantes na minha família e a dor é parte da doença. Para piorar, estou com 51 anos e o câncer na minha idade é altamente agressivo, pois as células multiplicam rapidamente.
Quero deixar uma mensagem a todos que estão lendo este texto: os exames de PSA e de toque devem ser realizados a partir dos 40 anos (há 3 anos já fazia o acompanhamento). Não existe câncer igual, cada doença é única, mas a minha história pode ajudar várias pessoas que estão no início do processo a adiantar etapas e buscar o tratamento rapidamente. Como qualquer câncer, quanto mais no início for descoberto, maiores são as chances de cura.
Outro ponto muito importante é não se entregar a doença. Em nenhum momento deixei o câncer me levar para a cama e nem deixei de fazer as coisas que gosto. A dança é uma delas.
Peço a todos que parem por alguns minutos e mandem energias positivas para aquelas pessoas que estão passando por uma história de câncer.
Acredito que as energias chegam até nós quando somos lembrados. Não deixe de ligar para a pessoa adoentada. Caso ela não queira falar, procure fazer chegar até ela uma mensagem de solidariedade. Quando tudo passar você verá que sua amizade cresceu.
Aprendi que os valores da vida são outros. Ser é melhor que ter.
A maior transformação foi viver intensamente cada momento. Parei de me aborrecer com pequenas coisas e passei a valorizar ainda mais as pessoas próximas de quem gosto. Amar mais…
Por fim, deixo uma mensagem que recebi em um cartão de uma criança com câncer durante meu tratamento e que quero compartilhar com todas as pessoas que estão no processo: “CONTINUE SENDO FORTE.”
Um dia de muita luz, saúde, alegria e paz todos.
*RTU – É uma cirurgia é uma das mais realizadas pelos urologistas com objetivo de desobstruir da uretra, quando comprimida pela próstata.
* Orquiectomia é a remoção cirúrgica dos testículos, que produzem a maioria da testosterona do corpo. Apesar de ser um procedimento cirúrgico, a orquiectomia é considerada uma terapia hormonal, pois seu objetivo é interromper a produção de testosterona.
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