Quando vamos olhando nossa vida no passado, com um pouco de distanciamento, sem sermos arrebatados por antigas emoções podemos começar a vislumbrar detalhes ainda não percebidos. É como olhar uma paisagem e onde antes só víamos um campo vazio, começamos a perceber pequenas flores amarelas ali, um arbusto espinhento acolá e sempre que olhamos novamente algo novo pode surgir.
Na vida também podemos dizer: com 11 anos estava na quinta série, estudava em tal colégio e minha melhor amiga era fulana. Ao revisitarmos essa quinta série, lembramos de uma professora que adorávamos e que ensinava justamente nossa matéria favorita. Que coincidência!? Então talvez nos recordemos de uma situação muito embaraçosa que passamos; foi terrível na época e hoje sorrimos de leve ao recordar o episódio. E pode ser que o assunto comece a ficar interessante quando passamos a refletir sobre como era a relação entre meus pais naquela época e qual é a minha hoje. Lembramos do garoto calado que sentava perto da janela na última fileira e da única conversa que tivemos.
Se nos acostumamos a revisitar nosso passado, não para lamentar ou sentir uma alegria nostálgica; mas para tentar aprender algo sobre nós mesmos podemos conduzir melhor o barco de nossa existência. Se pararmos um pouco de reclamar daquele período negro (uma sequência de três namorados, três separações após descobrir que os três eram gays) e começo a me perguntar: O que via neles? O que estava buscando realmente? Que aprendizado tive? Aonde esta situação me conduziu? Que forças desenvolvi a partir dela?
Então começo a aprender com minha história. Percebo que aquele furacão imenso arrasou um antigo matagal, mas também abriu espaço para que ali pudesse cultivar algo novo. Começo a me entender melhor, a desesperar menos, a esperar menos, a cultivar a esperança.
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