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E se a vida for apenas um sonho?

emoções, mergulho

E se de repente você descobrisse que toda a sua vida fosse apenas um sonho lúcido? Ou melhor, um jogo. Um jogo onde a brincadeira fosse você experimentar todo o tipo de sensações movidas por emoções e o objetivo fosse sair do labirinto criado por estas.

Há um tempo, sonhei que tinha uma pessoa me chacoalhando e só ouvia: “por favor, acorde!!!” E a parte assustadora era o desespero da pessoa em me acordar. Eu senti que ela queria me dizer que estava imersa em imagens e sensações irreais e me afundando nelas. Estavam tentando me salvar de mim mesma. Neste dia, acabei acordando nesta realidade, mas a lembrança ficou forte.

“este sonho me fez “sentir”
que poderia ser real”

Depois de assistir muitas vezes filmes como Matrix, estudar vários temas como física quântica e filosofias espirituais, atuar em processos de cura quântica, me aprofundar na meditação, que me faz conhecer cada vez mais os nossos processos mentais, viver este tipo de experiência não passa batido. Se antes já via muita verdade travestida de ficção em filmes como este e outros que surgiram, este sonho me fez “sentir” que poderia ser real.

E não é confortável pensar nisso, a piada perderia a graça. Como assim? Tudo o que dou “valor”, considero bom ou ruim, gostoso e desagradável, feio e bonito, toda raiva que passei, todo amor que senti é apenas uma criação da minha mente para eu experimentar sensações/reações e que é isso que chamo vida? Cada um que tire as suas conclusões conforme a sua própria consciência.

Se isso for verdade, o universo poderia ser mesmo uma projeção holográfica? E se este tem fim, como já dizem alguns físicos, poderíamos estar apenas “existindo” em uma ou em múltiplas bolhas. Seríamos produtos de uma grande impressora 3D?

Hoje li: “A vida é uma piada. Explicar é estragá-la.” Esta frase atribuída a Alan Watts, para mim o grande filósofo e espiritualista moderno depois de Krishnamurti, tem muito a ver com o que está escrito antes. A achei tão verdadeira, simples e contundente que fiquei inspirada em tirar ela do raso.

E a grande piada é como esse jogo funciona. Hoje é senso comum acharmos que tudo está na mente, mas o que origina o que está contido nesta caixa preta? O que move as nossas engrenagens, dispara os nossos gatilhos, alimenta as nossas vontades e pensamentos?

“é a nossa água sutil,
o nosso campo de emoções,
que nos dá o sentido da vida”

Este é o planeta água e talvez por isso, não exista vida sem água aqui na Terra. É a nossa água física que carrega todos os nutrientes e informações pelo nosso corpo e é a nossa água sutil, o nosso campo de emoções, que nos dá o sentido da vida.

Quando envelhecemos, nossa água física começa a secar e se não tivermos aprendido com as “lições” das nossas emoções o verdadeiro “valor” das coisas, poderá ser muito difícil desapegar deste corpo, voltar a ser pó no vento, esperando mais fogo para nos despertar e água para nos moldar.

Através dela achamos a força para sobreviver e ao aprendermos a lidar com sua força, podemos sair do seu labirinto com tranquilidade para morrer. Quem de fato nos faz acreditar que tudo é real é a água. Os místicos já diziam que o mundo da água é o mundo das ilusões, mas mesmo afirmando isso poucos se lembram que vivemos no planeta azul.

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Quando tiramos o poder das nossas emoções, quando falamos para nós mesmos “e se eu não estivesse me sentindo assim ou assado?” será que a vida teria o mesmo sentido? Creio que não. As emoções são os temperos da nossa existência, aquilo que nos move. Só de questioná-las podemos mudar de direção.

Somos atores e como atores a nossa performance estará sempre muito ligada à nossa capacidade de sentir como a personagem. A diferença é que um ator sabe que está apenas interpretando, passando por uma experiência e nós não.

“Corremos de um lado para o outro
solapando e sem entrar em contato
com o que nos move”

Mais louco do que isso, como disse outro dia uma amiga, temos sido educados para amputar as nossas emoções. Corremos de um lado para o outro solapando e sem entrar em contato com o que nos move, nos dá o sentido de viver.

Também, por outro lado, rotulamos de frios os que já conseguiram dominar melhor as suas emoções. Estas pessoas começam a entrar na categoria Dr Spock, ou seja, não são consideradas muito humanas. Será? E mais importante, isso prova o quanto gostamos de ser emotivos.

Tudo o que vemos, cremos, pensamos e vivemos está sendo controlado pelas nossas emoções num nível bem grosseiro e mundano. Ainda não entendemos a diferença entre felicidade e alegria, entre amor incondicional e amor transcendental, entre realização e completude, entre o que vem de fora e o que vem de dentro.

E todas estas sensações enraizadas nas emoções são criações resultantes da atração e da aversão que sentimos pelas coisas desde que nascemos. Gostamos da vida emocionante, mas esquecemos que o mundo externo que nos faz sentir é dual, vem com alegrias e tristezas, e só queremos viver o positivo. Escolher a dualidade é pedir o pacote completo.

Somos escravos tanto das coisas, pessoas e situações que consideramos “boas” ou aquilo que nos faz feliz, quanto das “más” que nos deixam tristes. Uma é da natureza da outra. Uma nos leva a outra e, no fundo, tudo é uma ilusão. Mas o que importa é que gostamos disso, não é mesmo?

Este é o tipo de piada que mesmo quando a gente conta o fim, ainda damos risada e nos deleitamos. Dificilmente iremos querer deixar de ouvi-la porque é o objetivo de estarmos aqui no planeta água. Este é o jogo. Só saímos dele quando cansamos.

“Busque sua origem em
cada dimensão do seu ser”

E tem um tanto de gente que já cansou deste jogo, está doido para sair do planeta e não sabe como. Para estes alguns sábios já deixaram a dica: silencie. Medite. Observe. Investigue. Compreenda o seu sistema interno, ache a raiz de cada pensamento. Por trás dele achará um sentimento e por trás deste uma emoção. Coloque atenção até achar o início. Busque sua origem em cada dimensão do seu ser, pedaço a pedaço, e em cada um, no fim, encontrará o amor real e o vazio. O início e o fim. E a vida ficará cada vez mais leve.

Como já cantou Kiko Zambianchi “se um dia eu pudesse ver meu passado inteiro, e fizesse parar de chover nos primeiros erros, sol! O meu corpo viraria sol, minha mente viraria, mas só chove e chove.”

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Ana Cristina Koda
Ana Cristina Koda
Após mais de 20 anos no caminho do autoconhecimento e da espiritualidade, Ana Cristina resolveu compartilhar suas visões e experiências pessoais, frutos das práticas de meditação, através de seus artigos. Criadora do site Vamos Meditar, ela também dá aulas particulares de meditação e atende com terapias integrativas para quem quer seguir o caminho do autoconhecimento e da espiritualidade. “Em essência, eu sou uma humana em evolução. Um ser interestelar voltando para casa. Assistente da vida para a criação de um novo mundo, aqui e agora. Acompanha e auxilia pessoas no mesmo caminho. Meu lema é: “Conheça-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os Deuses.” (Oráculo de Delfos) Saiba mais sobre Ana Cristina
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