A páscoa, bem como todas as outras festas cristãs que foram apropriadas pelo comércio, está cada vez mais distante de seu sentido original. Por isto não custa lembrar que a palavra Páscoa vem do hebraico pesah, traduzida para o grego páscoa, que significa passagem.
Sintonizada com os ritmos cósmicos, era celebrada no início da primavera pelos Judeus com a finalidade de recordar a passagem de Jeová pelo Egito para libertar o povo de Israel da escravidão.
Tempos depois a passagem da escravidão para a liberdade foi elevada a uma potência tão gigantesca que ainda estamos muito distantes de compreender seu verdadeiro significado. Isso aconteceu quando um Deus se encarnou e atuou no corpo de um homem durante três anos. Dos 30 aos 33 anos Jesus Cristo foi batizado, encontrou seus discípulos, trouxe o amor como uma força objetiva, pregou a boa nova, fez milagres, foi perseguido, acusado e condenado. Se entregou livremente, morreu na cruz e ressuscitou dos mortos no terceiro dia.
Esta é a páscoa que está mais próxima de nós; isso se não estamos completamente envolvidos com ovos de páscoa, feriado e a programação especial da TV.
O ponto central deste acontecimento se dá com a morte no gólgota sexta feira da paixão e a ressurreição no domingo de páscoa. O sentido da celebração, ou seja, a passagem da escravidão para a liberdade, continua o mesmo de uma forma muito mais abrangente.
É importante compreender o feito do Cristo como um fato objetivo, que atinge toda a humanidade. No dia 4 de março de 1966 John Lennon declarou ao repórter Maureen Cleave para o jornal London Evening “Nós já somos mais populares que Jesus”. Claro que esta declaração gerou a maior polêmica, mas não é isto o que quero trazer agora e sim que o feito do Cristo teria influenciado toda a humanidade mesmo se passasse completamente desapercebido pelos homens. Quero dizer que o feito do Cristo independe de crença ou fama. Continua influenciando a todos os homens sejam eles budistas, maometanos, sufis, ateus, etc. independente de se conhecer ou acreditar nele.
Sobre isto muito poderia ser dito. Poderia falar como o Cristo trouxe o amor como uma força objetiva, inexistente para os homens até então; poderia demonstrar como todo o progresso da ciência atual nasceu no berço do cristianismo. Mas quero abordar um ponto bem específico, que cada ser humano com mais de 33 anos já vivenciou e pode refletir sobre ele.
Quando o sublime ser solar chamado Cristo desceu à terra, trouxe para todos os homens uma nova força, que veio a reforçar o “Eu” de cada individualidade nascida depois de Cristo (d.C). Esta força está desde então inscrita no arquétipo da biografia humana, no que denominamos fase Crística.
Todos nós passamos por esta fase Crística dos 30 aos 33 anos de idade. E entre outras coisas podemos observar em cada biografia, nossa Páscoa individual um evento, melhor dizendo, uma crise de morte e renascimento.
Então, nesta páscoa podemos observar com atenção que acontecimento foi este, ocorrido entre os 30 e 33 anos que me “matou”. Como “ressuscitei”? Que novo “eu mesmo” melhorado surgiu após a crise?
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Já ouvi relatos em que esta morte é quase literal, acidentes horríveis em que a pessoa considera que nasceu de novo. Em algumas biografias o fato está relacionado ao nascimento de um filho. Então a parte “filho” em nós tem que morrer para que o pai ou a mãe possam nascer. Perda de emprego, mudança de cidade, paixão avassaladora, etc, etc, etc. O importante é perceber a crise, a dor, qual foi a cruz. O que me matou?
Contudo se ficarmos só na dor não percebemos a Páscoa. E por incrível que pareça é fácil ficar preso na sexta feira da paixão e se esquecer de olhar a liberdade, o domingo de páscoa. Então podemos olhar com carinho, objetividade e perguntar: que novos rumos tomei na vida após minha dolorosa crucificação? Para onde estes novos rumos me levaram? Que novas forças tiveram que nascer em mim para superar esta crise? Começamos a nos aproximar do cerne da questão: o que me aprisionava, de que eu era escravo? Como foi minha passagem para a libertação? Como foi minha páscoa?
Assim podemos reviver em nossa biografia, de modo bem particular, o feito que Cristo trouxe para todos nós. Agradecer a possibilidade de sermos libertos pela força do amor.
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