Dia das Crianças: Vamos brincar de comida saudável!!!

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Dia das Crianças: Vamos brincar de comida saudável!!!

Crianças, cozinha

Que tal aproveitar o dia das crianças para ajudar os pequenos a comer melhor? Como? Brincando!

No mês de outubro é comemorado o Dia das Crianças, então resolvemos aproveitar a oportunidade para abordar algo que é essencial à infância, mas que anda muito esquecido na vida moderna… a importância do BRINCAR! Você lembra como era sua infância?

Os momentos de brincar, de forma livre e espontânea, muitas vezes na rua, eram frequentes e, sem dúvida, contribuíram muito para torná-lo o adulto de hoje. Sabe porquê? Porque brincar é essencial para o aprendizado e para o desenvolvimento. Mas não só isso. Brincar é a forma com que a criança se comunica com o mundo. É por meio das brincadeiras que as crianças aprendem naturalmente sobre si, os outros e o mundo ao seu redor.

Hoje, quando falamos sobre brincar, as pessoas já pensam em brinquedos modernos, jogos no celular, vídeo game, etc. Mas para brincar não é preciso de nada disso… é preciso tempo, espaço, coisas do cotidiano (objetos, alimentos, etc.) adequadas à fase do desenvolvimento e liberdade para que a criança se expresse e explore suas habilidades e possibilidades. E é aí que a mágica acontece! Essas condições permitem a criança transformar uma simples garrafa PET em carro, avião ou o que mais sua imaginação conseguir criar. No mundo imaginário da criança tudo é possível.

Tudo que a criança tem interesse em fazer por iniciativa própria é uma brincadeira, e o que caracteriza o brincar é ser voluntário, desafiador, livre e divertido. Não se obriga ninguém a brincar, podemos apenas incentivar.

O envolvimento e a diversão serão proporcionais ao quanto a criança se sentir capaz de superar o desafio proposto pela brincadeira. Quanto mais desafiador e possível, mais ela vai se interessar e querer brincar.

Já que a ideia é brincar, porque não criar jogos e brincadeiras simples que favoreçam uma boa relação da criança com a comida?

É possível transformar as situações da vida cotidiana em brincadeira, desde que se utilize estímulos adequados à fase de desenvolvimento, com intenção de ampliar o contato da criança com alimentos diferentes, preferencialmente naturais, e com situações que envolvem o ato de comer, como: comprar, armazenar, separar, cortar, cozinhar, colocar a mesa, montar a lancheira, etc.

O aprendizado acontece

Observe que a criança brinca e o aprendizado acontece sempre a partir da transformação dos conhecimentos e habilidades que ela já possui. Não se cria nada do zero. Então, para fazer um bolo simples, primeiro a criança precisa conhecer a receita e todos os seus ingredientes. Em seguida, ela necessita ter todos os ingredientes, forno e temperatura adequados, além de habilidades simples, para usar tudo isso em uma experiência e vivenciar a transformação, finalmente, em um bolo, também simples.

Depois de se sentir capaz de fazer esse bolo simples, pode ser desafiador para a criança preparar uma receita mais complexa, como um bolo com cobertura e recheio. Dessa forma, tanto os interesses, quanto a forma e o que se aprende vai mudando em cada fase do desenvolvimento, conforme a criança vai crescendo e aprendendo.

Descrevemos abaixo as características de cada fase segundo Piaget, por faixas etárias aproximadas (o ritmo de evolução cada criança varia e pode acontecer mais cedo ou mais tarde do que a maioria), como você pode interagir com elas e algumas sugestões de brincadeiras:

Crianças a partir de 6 meses (ou quando a criança começa a sentar sozinha) até 2 anos de idade:

A criança está se descobrindo e aprendendo sobre o que é ela e o que é o mundo. Primeiro ela reconhece e explora seus reflexos básicos involuntários, o que vai fazê-la evoluir para coordenação sensorial e dos seus movimentos.

A criança, quando começa a fase de introdução alimentar, deve BRINCAR com a comida, em uma interação livre, que a permita se conhecer (pegar, apertar, esmagar, controlar sua força, direcionar a comida até a boca, etc.), conhecer o que é a comida (alimentos naturais variados, principalmente frutas, verduras e legumes) e o que é o comer (mastigar, deglutir, engasgar, fome, saciedade, etc.), para depois de muito explorar e treinar suas possibilidades de relação com a comida através das experiências, desenvolver suas habilidades necessárias para comer sozinha;

  • Oficinas sensoriais ou Roda de degustação de frutas e hortaliças permitem à criança manipular e explorar livremente aromas e sabores de diferentes alimentos inteiros, em pedaços, crus e/ou cozidos, e podem ser incentivadas com falas ou perguntas sobre nomes dos alimentos, formas, cores, sabor, se é gostoso, etc., mesmo se a criança ainda não fala, o que pode levá-la a ter curiosidade de experimentar os alimentos. O contato com a comida e todo o resto que ela está fazendo e aprendendo é mais importante do que comer. Comer é o último desafio da brincadeira e nunca será obrigatório, senão deixa de ser brincadeira, certo? Músicas sobre a comida e o comer também são interessantes nessa fase, devido a sonoridade das palavras e aprendizado da fala.
Crianças de 2 a 7 anos de idade:

A fantasia para a criança nesta fase é a sua realidade, ou seja, quando alguém coloca a capa da Chapeuzinho Vermelho, se torna imediatamente a personagem. Tudo que acontece na imaginação dela, é como se acontecesse com a criança de verdade.

Os alimentos dão superpoderes para crescer, ficar forte e inteligente. O faz de conta e a repetição são essenciais para memorizar os alimentos que fazem bem ou “ajudam a crescer”, os que não fazem bem ou “não ajudam a crescer” e suas características.

A criança explora cores, formas, tamanhos, dentro e fora, encaixes, alfabetização, etc. e desenvolve a coordenação motora fina. Armazenar esses conhecimentos será importante para o raciocínio lógico da próxima fase. Quanto mais explorar a imaginação da criança, maior será seu envolvimento na brincadeira. “Caras e bocas”, sons e movimentos são muito bem-vindos!

  • Jogo de adivinhação – vendar a criança e estimulá-la a adivinhar qual é a comida que está em sua mão, perguntando: Qual o formato? É pequeno? Cheiroso? Nasce em árvore? Compra na feira?… até que ela adivinhe que é, por exemplo, um limão! Começar brevemente uma história fantasiosa com comida e deixar a criança termina-la; colorir (como ela quiser) desenhos de comidas; cantar músicas, como “A Sopa do Cozinheiro” Separar ingredientes para os pais preparem uma receita e observar o restante do preparo; Ir à feira e escolher 3 alimentos para comprar e preparar para o jantar; etc.
Crianças de 7 a 12 anos de idade:

Agora é a fase do “ver/fazer para crer”. Raciocina a partir de eventos e coisas reais, aprende e experimenta sobre o mundo de maneira lógica. Entende que as coisas se relacionam e se transformam, que existe causa e consequência, é capaz de testar e combinar, separar, ordenar e transformar objetos e ações.

Compreende que “comer alimentos que faz bem a deixará saudável”, assim como o inverso também. Então, a classificação de grupos de alimentos e seu efeito na saúde pode ser explorada e podemos usar o termo saudável com a criança agora. São pequenos cientistas e querem descobrir coisas, experimentos com comida e com o ato de comer são boas pedidas;

  • Culinária – Preparar e experimentar vitaminas com 2 frutas diferentes, com e sem açúcar; Jogo da atenção: adivinhando os alimentos secretos – descobrir ingredientes secretos em uma torta de legumes; Montar o Prato colorido com pelo menos 4 cores diferentes ou mais; Fazer a lista de compras da casa; etc.

Independentemente da idade ou situação, devemos começar a brincadeira sempre ouvindo o que ela já conhece sobre comida na sua cultura, região, o que é familiar para ela e ajudar a aumentar e transformar esse repertório alimentar.

Quais comidas ela conhece e situações alimentares já viveu? O que ela sente e pensa sobre isso? Dizer menos o que se deve comer e perguntar mais, usar as próprias palavras dela para isso, vai despertar sua curiosidade e envolvimento.

Quanto mais comidas naturais ela conhecer, mais souber sobre a comida que faz bem e mais experiências desafiadoras, tranquilas e divertidas proporcionarmos para ela com a comida, maior a chance desses conhecimentos e experiências se transformarem, por vontade da própria, em uma boa relação com a comida e, naturalmente, ela querer comer bem.

Em um mundo em que o tempo para brincar está cada vez mais raro, faça um esforço e reserve um tempo na semana (ou no seu dia!) para liberar a criança que existe em você para que ela possa se comunicar e brincar com as outras crianças.

Não há idade, local, nem jeito “certo” para brincar! Toda brincadeira está certa. O importante é libertar-se e usar a imaginação! Boa brincadeira e feliz Dia das Crianças!  

Dúvidas ou sugestões? Escreva para nós: neusa@nbnutricao.com.br e bianca@nbnutricao.com.br. Até mais!


Aproveite para ler: A alimentação saudável começa no berço


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Neusa Moura & Bianca Iuliano
Neusa Moura & Bianca Iuliano
Nutricionistas, formadas na USP, sócias e diretoras da NB Nutrição e Bem-estar, consultoria especializada em programas e atividades de educação alimentar para empresas e escolas. “Pretendemos criar experiências e despertar a consciências das pessoas para a construção de uma boa relação com a comida, resgatando o valor da comida e do comer como fonte de prazer e saúde, em seu aspecto amplo: bem-estar físico, mental e social.” Saiba mais sobre Neusa e Bianca
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