O auto-falante da igreja, hoje às 8:30h da manhã, anunciava o falecimento de uma pessoa local.
Continuei a dormir.
12:23h acordo novamente! Já estava na hora de levantar. Fiz o almoço, lentilha com abóbora, e almocei sozinha.
Comi, li, escutei música. Resolvi dar uma caminhada até na praça. O céu anunciava a chuva, mas não me desanimou. Na maioria das vezes ele anuncia, mas a chuva não vem. Me fui.
Caminhei, olhei vitrine, vi pessoas. Lá pelas tantas veio a chuva.
Me esquivei no toldo da rodoviária junto de mais várias pessoas. Fiquei ali contemplando a metamorfose acontecer. Céu carregado, serra transformada, pássaros voando.
Uma pergunta insistentemente permanecia em mim: por que eu não continuei a andar na chuva?!? Achei melhor não. Cidade pequena, iam pensar que eu era…
Quando acabo de me convencer a seguir dentro do esperado, olho pro lado e vejo senhores andando com calma e solenemente pela estrada. E com o tempo, cada vez mais pessoas caminhando com a chuva.
Eu não entendia o que via.
Eis que um pouco mais ao longe, um bolo de pessoas: senhores, senhoras, crianças. Todos andando vagarosamente na chuva.
No meio deles o caixão do nativo falecido.
Não me contive, fui junto.
A chuva abençoava a procissão. Era lindo. Na igreja os sinos recepcionavam a todos e anunciava o renascimento.
Estávamos encharcados e de alma lavada.
E o barro vermelho escorria formando desenhos no asfalto.
Tiradentes, 21 de setembro de 2002.
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