“Quando Pero Vaz Caminha
Descobriu que as terras brasileiras
Eram férteis e verdejantes,
Escreveu uma carta ao rei:
Tudo que nela se planta,
Tudo cresce e floresce “.
Caetano Veloso – Tropicália
Muitas vezes comparo a vida com um pedaço de terra que ganhamos para cultivar. O objetivo é fazer um jardim sem igual. Cada um de nós vem com um projeto diferente, original e imprescindível. Assim como foi dito ao rei – nesta vida tudo o que se planta dá. O plantio é facultativo, mas a colheita é obrigatória. Vale lembrar o ditado: quem semeia vento colhe tempestade.
No começo não sabemos bem o que e nem como plantar. Então o terreno é cultivado pelos pais, família, professores, amigos, enfim: pelo meio em que vivemos. Ah, e também nos alimentamos daquilo que plantaram para nós. Nem sempre é o que gostaríamos que fosse. Por vezes somos surpreendidos por super safra de jiló que temos de engolir. Passamos por privações, carestia, seca, fartura … mato que chega a sufocar.
Após os 21, começamos a ter uma maior autonomia, traçar um plano geral de cultivo. Podemos constatar que temos muitas jaqueiras – a família da minha mãe adorava jaca; mas nem gostamos tanto delas. Então decidimos preservar uma ou duas e abrir espaço para outras espécies. Podemos plantar verduras de ciclo curto, que oferecem uma colheita rápida e de curta duração. Podemos errar espaçamento, sufocar espécies. Podemos ficar inertes e nosso jardim vira um deserto. Podemos até continuar exatamente com o que nos foi entregue. Podemos tudo dentro dos limites de nossa força e daquilo que temos.
Pouco a pouco nos apropriamos desse terreno com consciência ou indolência. Não cabe mais reclamar da terra, da falta de chuva, das pedras, da topografia, etc. Temos que transformar a vida e colocar no mundo nossa obra de arte.
Então, partir dos 28 começa a colheita. Surgem os primeiros frutos do trabalho interior: seja uma profissão adequada, uma família harmoniosa, uma nova conquista. Mas as grandes árvores por nós semeadas ainda são bem jovens. Se continuarmos cultivando o projeto herdado, conflitos se apresentam como pragas e ervas daninhas para mostrar que algo está errado. E se continuamos a comer jiló é por escolha própria.
Daí em diante, cada vez mais colhemos aquilo que plantamos. Sempre há tempo de começar um novo canteiro, fazer podas, semear novos projetos porque “tudo que nela se planta tudo cresce e floresce”. A vida é viva, sempre viva.
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