Vamos falar um pouco sobre como a neurociência pode te ajudar a ser um líder melhor.
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A neurociência é um estudo científico do sistema nervoso. Há alguns anos os resultados de pesquisas nesta área têm amparado variados conceitos como neuromarketing, neuroaprendizagem, neuroliderança, entre outros. Como educador, eu penso que o grande mérito da neurociência é evidenciar cientificamente conhecimentos sobre o comportamento humano que antes tínhamos como senso comum e derrubar outros que passaram a ser considerados mitos.
Como exemplo, a neurociência observou que líderes que agem com empatia e se dedicam a cultivar relacionamentos e emoções positivas com suas equipes, geram melhor motivação e engajamento e, como consequência, obtém resultados melhores do que líderes autoritários, que se apoiam apenas no comando e controle, acreditando que esse comportamento seja suficiente para motivar as pessoas. E, na verdade, acabam gerando conflito, falta de confiança e relacionamentos utilitaristas.
Olhar a liderança na perspectiva da neurociência nos amplia a compreensão das relações humanas no trabalho, de como o funcionamento do cérebro afeta as decisões e as relações e sobre como é possível utilizar desse conhecimento na vida prática.
David Rock, líder de uma rede de especialistas que fazem pesquisas no campo da neurociência e diretor do NeuroLeadership Institute, afirma que no futuro líderes bem-sucedidos se caracterizarão pela capacidade de adaptação. Uma habilidade que irá exigir muita flexibilidade cognitiva.
Uma boa notícia, porém, é que o cérebro é um órgão com plasticidade e aprende. Isso reforça a tese de que para ser um líder melhor é preciso ser um ser humano melhor.
As pesquisas de Rock fornecem um quadro científico para compreender de onde vem a maestria dos grandes líderes, porque eles erram, como mudam e como influenciam os outros. Rock descobriu que as ações e decisões de um líder podem reforçar ou minar os níveis percebidos de status, segurança, autonomia, conexão e justiça. E isso deu origem ao Modelo Scarf, que é bastante disseminado pelo pesquisador David Rock.
O líder deve compreender que a maneira como age e se relaciona com a sua equipe impacta nesses indicadores, definindo o sucesso ou fracasso das suas equipes. Isto comprova o quanto é difícil exercer a liderança no contexto de tanta diversidade. Os gestos, frases, palavras e posturas do líder são interpretadas pelas pessoas de maneiras distintas.
O Modelo Scarf, por exemplo, fornece uma referência para o líder ter mais consciência dessas interações e alertar sobre as preocupações fundamentais das outras pessoas, sensibilizando o sobre a importância de calibrar as suas palavras e ações para atingir melhores resultados.
Assim como o cérebro dos animais é programado para responder a um predador antes de focar atenção na busca de alimento, o cérebro social é programado para responder a perigos que ameaçam suas preocupações fundamentais, antes de realizar outras funções. As ameaças sempre superam as recompensas. As respostas às ameaças são bastante fortes, imediatas e difíceis de ignorar.
Os seres humanos não conseguem pensar criativamente, trabalhar bem com outros ou tomar decisões corretas, quando a sua resposta a ameaça está em alerta máximo. Por isso as organizações devem se empenhar em reduzir as ameaças no ambiente, no clima e educar os líderes para que o seu comportamento, a sua comunicação e as suas ações não sejam uma ameaça para as pessoas. Por exemplo: Rock critica os modelos de avaliação de desempenho e feedback que focalizam no que as pessoas deveriam parar de fazer. A neurociência sugere que o feedback deveria focar no que as pessoas teriam que fazer mais. Ou seja, no hábito a ser fortalecido ou construído. Assim elas reagiriam menos e desenvolveriam mais os seus talentos.
Conhecer o funcionamento do cérebro pode, certamente, te ajudar a ser um líder melhor!
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