Observando as crianças hoje me assusto com o estilo de vida que levam. Um ritmo que passa longe do saudável com pouquíssimas opções de mudança. O dia de uma criança se resume a casa, escola, casa. Às vezes: casa, atividades, escola, casa. Pode parecer que nada mudou, mas na minha infância tinha uma palavra com três letras que fazia toda a diferença: rua. Todo mundo brincava na rua. Hoje quem brinca na rua? Ninguém. É perigoso. É mesmo! Mas o que se fazia na rua hoje não se faz em lugar nenhum: movimentos livres e alegres.
Essa atividade foi substituída em parte pelas drogas. Calma, explico. As crianças assistem TV. Muita TV. A babá das crianças é a TV ou os meios eletrônicos (vídeo game, celular, tablet, etc.). O que a babá diz: compre isso, use aquilo. Ela não está interessada em dar uma boa educação. Está interessada em vender produtos para ganhar dinheiro. Simples assim. O que a TV mais vende para as crianças? É só olhar nos comercias: Principalmente comida e bebida com muito açúcar ou fritura.
As crianças acordam, comem muito açúcar e assistem TV. Não se movimentam. Almoçam e vão para a escola. A criança tem uma necessidade fisiológica de andar 12 km por dia. Se essa necessidade não é satisfeita o corpo se revolta exigindo o movimento. É como se ficássemos sem fazer xixi, ou comer durante o dia: aos poucos vem irritação, dor, etc.
A necessidade de movimento cobra seu preço. A criança chega na escola com o sangue entupido de açúcar, um metabolismo completamente desregulado e uma vontade/necessidade de mexer o corpo danada. Pergunto: como é que ela vai ficar assentada mais 4 horas prestando atenção na aula? Parece obvio, não é? Não. Sabe o que acontece? Falam que a criança não tem capacidade de concentração, que tem dificuldade de prestar atenção, que não consegue parar quieta, que tem TDH, DFC DHTML e sabe-se lá quantas siglas mais vão inventar.
O menino chega em casa explodindo porque mesmo tentando se movimentar na escola o máximo que conseguiu foi uma caminhada até a diretoria. Bota a casa abaixo até se entupir de açúcar de novo, sentar na frente de uma tela e ficar até a meia noite. Ufa! É claro que a mãe vai concordar com a professora que o menino não para – coitado: para os adultos ele não sossega, para seu corpo ele não se mexe.
Levam a criança no médico que receita uma droga para ela ficar mais calma. Viu só, chegamos. E a criança usa drogas para o cérebro e se acostuma com isso. Bom para a indústria farmacêutica, bom para a indústria de alimentos, bom para a TV, bom para os pais e professores pois o menino agora está quietinho. Será bom para a criança? Como será que isso vai se refletir na vida adulta?
Eu que tinha minha boa dose de “capetice” e mesmo brincando na rua sobrava energia para a escola, imagina se tivesse um estilo de vida como hoje?! Estava nas drogas. Com receituário e tudo. Vejam só.
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