Uma das minhas atribuições profissionais é a docência na pós-graduação. Recentemente, o tema “empatia” surgiu durante uma das aulas. A turma realizava uma roda de conversa sobre certo assunto quando a importância de ser capaz de colocar-se no lugar do outro se fez presente, com bastante intensidade.
De um modo geral, as pessoas conseguem entender conceitualmente a empatia. Não há grandes dificuldades nisso. Enquanto ideia, a empatia é relativamente simples: buscar a perspectiva da outra pessoa, procurar colocar-se “na pele” dela e tornar-se mais do que um observador externo da situação por ela vivida.
O real desafio da empatia começa ao falarmos da capacidade de sentir o que o outro sente. Ser mais do que solidário ao compreender a emoção, mas compartilhá-la como se fosse sua, ainda que tenha plena consciência que não é. Perceber onde está a dor, o receio, a inquietação, ou a felicidade e o júbilo se as situações forem positivas, e viver tais emoções junto do outro.
Há, inclusive, excelente expressão em inglês. O “to walk in someone’s shoes” (em tradução livre, andar com o sapato do outro) representa bem esse esforço de sentir onde o calo aperta. Superar a dimensão intelectual de entender que o sapato está apertando e machucando, mas atingir a dimensão emocional de compartilhar aquela dor.
Nesta aula em questão, a conversa ganhou uma dimensão inesperada quando um dos alunos comentou sobre a empatia com quem possa tê-lo ofendido. Era uma inquietação pessoal que ele decidiu compartilhar, com coragem e transparência: seria capaz de manifestar empatia com alguém que o prejudicou?
Ou ficaria, segundo suas palavras, em “certa zona de conforto” de praticar empatia com pessoas próximas e queridas, ou ainda, no máximo, com quem não conhecia, não tinha histórico algum de dificuldades?
A turma entendeu a profundidade da questão e a troca de ideias e experiências tornou-se absolutamente rica. Creio, sem margem para dúvidas, que quase todos ali na sala viveram a inquietação dele, sentiram sua aflição, tornando-se empáticos com o colega. Que incrível exemplo de transcender a compreensão conceitual da empatia, mas de experimentá-la, “na pele”, “ao vivo e a cores”!
Para encerrar, uma última reflexão. Não encontro resposta fácil para a dúvida daquele aluno. Sou, ou não, capaz de manifestar empatia com quem possa ter me ofendido ou prejudicado? Realmente, ainda não ouso responder, pois imagino que a resposta honesta não seria “sim”.
Vejo, como consequência, um longo caminho de desenvolvimento pessoal no qual o desafio da empatia precisa se fazer constante, com toda e qualquer pessoa.
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