O velho e bom assunto de sempre, que nunca sai de moda e ninguém cansa: romance, cara-metade, tampa da panela, supostamente, o amor.
O que é interessante neste contexto é perceber que mesmo que o assunto seja pauta na vida de qualquer mortal, quem está solitário começa a adotar uma postura blasé até para isso. Na linha “te quero mas nem te ligo”, numa tentativa de mitigar as frustrações acumuladas.
Quem já procurou muito, achou e trocou tantas vezes que já não aguenta mais. Outros tem certa dificuldade de movimento e na incerteza ficam mais parados ainda. Outros tantos tomaram tamanho susto, que estão paralisados nele até hoje e nem se deram conta.
É engraçado perceber como a gente se relaciona com a pele ou com a cabeça, e o coração é o último a entrar em cena. Até porque ele tenta dar o tom e ir além do destempero, que nem a emoção e a razão conseguem, pois um está sempre querendo dominar o outro.
Tem aquelas pessoas que você acha um tesão, que arrepiam só de olhar, mas que também vão diminuindo com o número de tombos que se toma na vida. Tem aquela pessoa que “preenche todos os quadradinhos”(e olha que a lista está cada vez maior), mas não tem química alguma. Tem ainda aquela pessoa que você gosta muito como amigo e até rola um bom sexo, mas que a gente precisa sempre devolver em algum momento porque não conseguiria conviver com esta ou aquela mania, ideologia, preconceitos, e por ai vai.
E as histórias se repetem tanto que pergunto qual seria uma equação boa para uma novela a dois: 30% de emoção, 30% de tesão, 40% de razão. Será que isso é bobagem? Nunca tinha pensado assim, mas no fundo, mesmo sem perceber fazemos uma matemática interna para saber se queremos continuar somando ou vamos subtrair dentro de uma relação.
Recentemente, percebi dois grupos bem distintos que andam espalhando muita felicidade por ai. Um deles são de casais que estão juntos por muitos anos, no mínimo uma década, que já passaram por muita coisa, superaram crises, divergências e escolheram ficar juntos porque algo parecia valer a pena na relação. E pelo jeito valeu, pois nunca vi esta turma tão feliz e apaixonada. Juro que acompanhando este povo por tanto tempo foi uma feliz surpresa ver a virada de quem sobreviveu a ondas de separações e divórcios.
Por outro lado, muitos jovens casando com vinte e poucos, felizes e certos do que estão fazendo. É uma galera que não tem muita preocupação com o futuro e está mais ocupado vivendo o momento presente. Fazem a linha “se não der certo separa”, mas sem o que poderia parecer irresponsabilidade. Tem mais a ver com objetividade, deixar as elocubrações mentais de lado e se entregar ao momento presente.
No meio do caminho, a galera de trinta e poucos e a dos maduros separados, que continuam tateando, buscando, o príncipe ou a princesa, mas no fundo cada vez mais descrentes de encontrar a outra metade da laranja. A cada novo encontro os defeitos do outro saltam mais que as qualidades, num olhar cheio de medo de acabar com o azedo na boca.
A lição que me parece ficar é: ou a gente se entrega sem expectativas de futuro ou floresce com o tempo. Em ambos os casos tem a ver com viver o momento presente. Sem projeções para o futuro ou se livrando da bagagem do passado.
E, respondendo a pergunta, aonde entra o coração? Simplesmente, no agora. O único lugar onde ele consegue se manifestar.
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