Todos nós queremos fazer sucesso e, embora o seu significado gire em torno de alcançar um bom resultado, ter êxito, etc., ele tem um sentido especial e diferenciado para cada um. Está alinhado aos nossos valores, metas e objetivos de vida. Muitas vezes, para se alcançar o sucesso faz-se necessário remover alguns obstáculos, como fez o Pedro, que ultrapassou seus próprios limites e superou momentos críticos como: humilhação, discriminação e preconceitos.
Pedro nasceu de um parto Cesário, gemelar (não diagnosticado no pré-natal). O seu irmão gêmeo faleceu e ele foi vítima de uma fatalidade, que ninguém soube explicar. Trata-se de um desses episódios que não acreditamos que podem acontecer conosco ou com a nossa família. Como consequência, Pedro teve uma sequela neurológica da paralisia cerebral (Diplegia Espástica), que limita a parte motora de membros inferiores e discretamente os superiores. Felizmente, não afetou a sua capacidade cognitiva.
Neste cenário de angustia e incertezas Pedro, ainda bebê, iniciou um verdadeiro calvário, amparado pela sua família, que não se intimidou diante dos obstáculos e diagnósticos, quase sempre desanimadores.
Cercado pelo carinho e amor da família, Pedro cresceu entre exames neurológicos e tratamentos fisioterápicos. Tudo suportou com resignação e determinação. Contudo, às vezes questionava o porquê da sua deficiência física. Queria encontrar uma resposta, ou quem sabe, várias outras perguntas. Inspirado no exemplo do pai, Dr. Paulo, um médico dedicado, respeitado e admirado, decidiu estudar medicina. Para alegria de todos em 2006, Pedro foi aprovado e matriculado na Faculdade de medicina.
Iniciou-se então, um novo ciclo. Ele se dividia entre a fisioterapia e a faculdade. Passava a maior parte do tempo estudando, pesquisando e se desdobrando para que sua limitação não se transformasse em um obstáculo para a sua sonhada carreira.
Tudo transcorria de forma agradável e tranquila. Pedro já estava no 4º ano de medicina. Parecia que havia vencido todos os obstáculos. Mas a vida continuava lhe surpreendendo. Ele começou 2010 entusiasmado, cheio de esperança. Seu coração batia forte. Afinal, iria cursar o 5º ano. Neste momento surge o inesperado: a Faculdade indeferiu a sua matrícula, argumentando que a sua patologia não o permitia realizar tarefas, que exigissem coordenação motora fina. E ainda, a Instituição de Ensino não realizava avaliação diferenciada para alunos com o seu perfil. Lembrando que a Faculdade aceitou o aluno, ciente da sua limitação e, somente no 5º período descobriu que não possuía metodologia e instrumentos adequados para uma avaliação diferenciada.
Com este impasse os sonhos do Pedro viraram pesadelos e o mundo parecia desmoronar. A família se desesperou. A mãe, entristecida, por ver o filho naquela situação ficou abalada física e psicologicamente. Seus irmãos mais novos, Daniel e Sara, que estimulados pelo seu exemplo também cursavam a faculdade de medicina, se entristeceram e já não possuíam mais o mesmo brilho no olhar. Ainda assim, Pedro não desanimou. Mobilizou toda sua fé, força e energia em busca de uma solução. Com o apoio do pai, irmãos, amigos e um excelente advogado, recorreu aos Conselhos Regional e Federal de Medicina, ao MEC e demais órgãos competentes. Provou que, apesar da sua limitação física (cadeirante com Pareparesia Espástica), tinha capacidade para atuar em vários campos da medicina como radiologia, psiquiatria, patologia, nutrologia, endocrinologia etc. Em 2012 teve seu pedido aprovado pelo Conselho Federal de Medicina.
Pedro superou todos os obstáculos e conseguiu se formar em 2014. Realizou seu grande sonho e se tornou um médico psiquiatra admirado e respeitado por todos. Um profissional que inspira e transforma vidas.
Para chegar ao pódio, além da ajuda do pai e da família ele contou também com a parceria de dois irmãos de coração, ou seja, “anjos” enviados por Deus, que lhe auxiliaram em todas as etapas da sua caminhada. Um foi o Antônio, hoje um renomado dentista de muito sucesso e outro o João, que se formou em enfermagem, tornando-se seu principal assistente.
Certamente Pedro ainda não conseguiu encontrar respostas para suas indagações iniciais, mas diante de tanta superação será que vale a pena investigar se a sua deficiência foi uma fatalidade ou uma oportunidade?
Foram muitas as dificuldades existentes no caminho do Pedro. Uma jornada, praticamente solitária, que envolve experiências e visões de mundo nem sempre compartilhada. Sua história nos ensinou que superar é a vontade de seguir em frente, de ir além, se reinventar todos os dias, apesar dos desafios.
Neste sentido, ele nos deixa a lição de que para se alcançar o sucesso é necessário superar provações, que certamente muitos não conseguem suportar. Como diz Milton Nascimento (1978), “ É preciso ter força. É preciso ter raça. Mas é preciso ter manha. É preciso ter graça. É preciso ter sonho sempre…”
E você? Já vivenciou ou conhece alguém que teve uma história de superação e sucesso semelhante a do Pedro? Deixe seu comentário no espaço “participe da discussão”, logo abaixo da página. Compartilhe suas experiências e sua opinião conosco. Adoramos ler o seu comentário.
A autora, Cleuza Pimenta, nos conta essa história baseada em fatos reais, Gostou? Conheça mais artigos dessa autora com outras narrativas cheias de vida! Clique aqui para conhecer
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