Você sabia que a má alimentação na infância e na adolescência é um problema muito mais sério do que se imagina?
Quando a criança ou o adolescente tem uma alimentação pobre em alimentos essenciais e/ou come muitos alimentos industrializados, ricos em gordura, sódio e açúcar, pode apresentar alguns sinais de má nutrição, como:
• ficar irritável com mais facilidade;
• ficar apático e com menos energia, tendo menos vontade de brincar e se movimentar;
• ter dificuldade de concentração;
• ter dificuldade de aprendizado;
• apresentar crescimento abaixo do esperado;
• ter baixa imunidade;
• ter anemia ou outras carências.
Quando isso acontece, seu filho corre maior risco de adoecer, ou seja, de ter infecções, gripes ou outras doenças recorrentes, e pode ter prejuízos no seu desenvolvimento intelectual e na coordenação motora, comprometendo seu rendimento escolar e sua qualidade de vida. Além dessas questões, o consumo de uma alimentação inadequada desde a infância pode resultar em problemas de saúde precoces, que antes eram considerados “doenças de idosos”, mas que estão surgindo cada vez mais cedo, como colesterol alto, diabetes, pressão alta e obesidade, comprometendo o bem-estar do futuro adulto.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2014, o número de crianças menores de 5 anos com sobrepeso ou obesidade chegava a 41 milhões no mundo. No Brasil, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2009 já mostrava que uma em cada três crianças brasileiras de 5 a 9 anos estavam acima do peso adequado. Estes dados tendem a piorar, pois assistimos a um aumento médio de 1% ao ano nos índices de excesso de peso em meninos e meninas nessa idade, e o crescimento desses números também é preocupante em outras fases da vida.
Embora o excesso de peso na infância seja um grande problema, é importante ficar atento, pois a má alimentação pode prejudicar todas as crianças, independentemente de ela estar abaixo ou acima do “peso adequado”. Por isso, fique atento ao comportamento alimentar da criança e aos diversos sinais e doenças decorrentes da má nutrição, e não somente ao peso.
O que você comia quando era criança e o que seu filho come hoje?
Na maioria das famílias, a mudança no padrão de consumo alimentar nos últimos anos foi muito grande, o que contribuiu para o surgimento dos problemas de saúde citados. As principais mudanças foram a redução no consumo de “comida de verdade”, que são os alimentos básicos tradicionais, como frutas, verduras, legumes e a combinação de arroz e feijão, ricos em nutrientes essenciais para adequado crescimento e desenvolvimento da criança. Em paralelo, houve um aumento muito grande do consumo de alimentos industrializados, pobres em nutrientes essenciais e ricos em energia, açúcar, sódio, gordura e aditivos, como refrigerantes, sorvetes, biscoitos, sucos de caixinha, salgadinhos de pacote, especialmente entre as crianças e adolescentes.
Por conta desse quadro, o Ministério da Saúde publicou, em 2014, o novo Guia Alimentar para a População Brasileira, que é um manual muito útil para orientar a alimentação da família. Entre outras coisas, o Guia classifica os alimentos de acordo com o seu grau de processamento, o que ajuda a escolher melhor o que compramos e levamos para casa. O Guia orienta que as pessoas façam dos alimentos in natura ou minimamente processados a base da sua alimentação, e que o consumo de alimentos processados e ultraprocessados seja limitado ou evitado. Simplificando estes termos:
• alimentos in natura: partes de plantas ou de animais vindos “diretamente” da natureza, sem manipulação em sua estrutura. Exemplos: frutas inteiras, peixes inteiros, legumes inteiros.
• alimentos minimamente processados: sofreram algum tipo de processo, como limpeza, moagem e pasteurização, mas não tiveram acréscimo de nenhuma substância estranha ao alimento original. Exemplos: arroz; feijão; frutas desidratadas; leite de caixinha; filé de frango; farinhas de mandioca, de milho, de tapioca ou de trigo.
• alimentos processados: são fabricados pela indústria com a adição de muito sal ou açúcar para torná-los duráveis, palatáveis e atraentes. Exemplos: conservas em salmoura (cenoura, pepino, ervilhas, palmito); compotas de frutas; carnes salgadas e defumadas; sardinha e atum de latinha, e queijos.
• alimentos ultraprocessados: sofrem elevado processamento pela indústria, com altas concentrações de açúcar, sódio e/ou gordura e aditivos industriais (conservantes, corantes, emulsificantes, etc.). Exemplos: salsichas, chocolates, molhos, misturas para bolo, barras “energéticas”, barras “de cereais”, sopas em pó, macarrão “instantâneo”, carnes processadas, produtos congelados e prontos para aquecimento como massas, pizzas, hambúrgueres e nuggets.
Uma forma de identificar o processamento dos alimentos quando for às compras é observar a lista de ingredientes. Quanto mais ingredientes da lista você reconhece como comida, costuma ter na sua despensa ou usa em casa, melhor! Procure também fazer compras em lugares que tenham mais opções de alimentos naturais e minimamente processados, como feiras, preferencialmente orgânicas, e hortifrútis.
O Guia recomenda também o resgate de hábitos que contribuem para que as crianças comam melhor, como envolvê-las na compra e no preparo das refeições e realizar refeições na mesa com a família. Esses hábitos ajudam a desenvolver o senso de responsabilidade e ampliam a variedade de alimentos conhecidos, facilitando uma boa relação com a comida e o comer, e aumentando o prazer obtido com a alimentação.
Para colocar as orientações do Guia em prática, a apresentadora e chef de cozinha Rita Lobo e o professor da USP Carlos Monteiro, coordenador do Guia Alimentar para a População Brasileira, ensinam os princípios que garantem uma alimentação saudável de verdade no curso “Comida de Verdade”. Clique aqui para conhecer o curso.
O Guia pode ser baixado gratuitamente. Clique aqui.
Você também pode assistir as orientações resumidas do Guia no vídeo sobre os “Dez passos para uma alimentação adequada e saudável”, disponível aqui.
Lembre-se que o mais importante é dar um passo de cada vez! Pequenas mudanças hoje podem contribuir para grandes mudanças no futuro dos seus filhos. Acompanhe nossas próximas publicações na nCiclos ou escreva para nós: neusa@nbnutricao.com.br e bianca@nbnutricao.com.br. Até a próxima!
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