É mais simples rotular do que praticar a empatia

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É mais simples rotular do que praticar a empatia

Rotular, empatia

Durante muitos anos trabalhei num projeto de música e teatro para crianças e adolescentes carentes. Certa vez nos deparamos com um aluno particularmente difícil. O diretor me disse que não teria alternativa a não ser retirá-lo do projeto.

Dias depois ele me chamou num canto e disse: “Luis, é o seguinte, sabe aquele garoto que estava pra sair, então, a mãe dele veio conversar comigo ontem. Pediu pra gente ter um pouco de paciência, que ele estava difícil até em casa. É que ele tinha visto o pai, e quando vê fica assim mesmo”.

O pai do garoto era um bêbado desses que ficam caídos na sarjeta. Ultimamente estava frequentando os botequins do bairro. A mãe trabalhava o dia inteiro pra sustentar a família e sentia-se culpada quando era chamada na escola pelo comportamento do filho. Se ele saísse do projeto ia ficar na rua a tarde inteira.

empatia, Lembro perfeitamente como meu olhar mudou após saber disto. Aliás, o olhar de todo o projeto e o aluno respondeu à mudança. Claro que não “virou um santo da noite pro dia”, mas criou-se um espaço onde algo novo pôde acontecer. Algo que antes não havia.

Quando as forças de antipatia, de repulsa, de exclusão começavam a surgir algo me fazia colocá-las de lado novamente para tentar enxergar o menino como ele era. Quando as forças de simpatia, aquelas que dizem: “coitadinho, pobrezinho, temos que agradá-lo, ele já sofre tanto”, quando estas forças surgiam também era necessário refreá-las; não se colabora com o crescimento pessoal de ninguém satisfazendo todas as suas vontades. Assim chegamos a uma atitude bem interessante e rara, que pode ser chamada empatia.

Empatia implica em ouvir o outro
e perguntar: Quem é você de verdade?

Algo que o mundo está sempre precisando. Imprescindível para qualquer um que se disponha a ajudar o outro seja terapeuta, psicólogo, padre, médico, marido, irmão, professor, etc.

Sim, porque ajudar não é fazer aquilo que o outro quer, muito menos o que eu acho que ele precisa. Conseguimos ajudar quando fazemos o que é necessário. Para isso temos de escutar. Sem julgamentos, sem preconceitos. Se disponibilizar para o outro e ouvir o que ele tem a dizer. Ouvir com interesse genuíno, pois é desse interesse que irão surgir as perguntas mais importantes, aquelas que apontam na direção de “quem é esta pessoa que fala comigo”?

Este “ouvir muito especial”, na maioria das vezes não vem de graça em nossa lista de capacidades. É necessário preparação, treino e dedicação para desenvolver este talento. Como posso escutar de verdade se minha alma está cheia de lixo: programas de TV, violência, barulho, nervosismo, pressa ansiedade, medo? Como posso continuar calmo e interessado se o outro muitas vezes fala o oposto do que eu acredito? Como posso entender se parei de escutar sua frase no meio, já pensando na resposta? Como posso ouvir se já sei tudo o que você vai dizer?

É fim de ano, época de trocar presentes. Às vezes ganhamos algo que é a nossa cara, outras vezes passa longe… Quando procuramos alguma coisa para alguém pode acontecer o mesmo: é para uma pessoa querida? É só pra cumprir tabela?

E talvez seja este o melhor presente a oferecer: nós mesmos, presentes perante o outro para escutá-lo.


Gostou do Conteúdo? Então leia também: Quando nos colocamos no lugar do outro…


CAMPANHA PRATIQUE EMPATIA

Entre os 6 a 22 de dezembro, nossos autores parceiros estarão publicando diariamente conteúdos sobre empatia, cada um dentro de sua área de saber, compartilhando aprendizados, histórias e experiências que possam inspirar e despertar a empatia. Acompanhe!!!

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MAPA DA EMPATIA

Nós do nCiclos queremos inspirar o movimento transformador em sua vida e – para isso preparamos um MAPA DA EMPATIA para você seguir o passo a passo e colocar a empatia em prática, ampliando os fios da conexão humana.

O Mapa da Empatia pode ser baixado para ter com você e consultar sempre que desejar.

Luis Henrique Sant' Anna
Luis Henrique Sant' Anna
Educador, Terapeuta Floral, Aconselhador Biográfico, Palestrante e Docente na Escola Livre Antroposofia, estudos biográficos Juiz de Fora-MG e Escuela Eleusis – Argentina. “O conhecimento das fases da vida, das crises e dificuldades próprias de cada idade sempre levam a uma reflexão. Se por um lado fica uma sensação de que a vida é cheia de crises, por outro é um alívio saber que elas não acontecem só com a gente e que podemos sair fortalecidos e um pouco mais sábios de dada uma delas. ” Saiba mais sobre Luis
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