Tem coisa melhor que comida de mãe? Aquela comida carregada de amor, cuidado e história… com aroma de almoço em família e sabor de conversas ao redor da mesa.  

Comida de mãe é sempre, ou quase sempre, a melhor comida do mundo. E não estamos falando de uma comida gourmet feita por mães que são, necessariamente, ótimas cozinheiras. Estamos falando de uma comida que, gostosa ou não, é inesquecível e insubstituível, pois é comida que acolhe, conforta, emociona e resgata nossas memórias mais íntimas. Nosso primeiro alimento natural, o leite materno, é produzido pelo corpo de nossa mãe e oferecido por ela em um momento de cumplicidade em que corpos se tocam, olhares se cruzam e mãe e filho se tornam um só. Quanto sentimento entre dois seres será capaz de produzir o ato de amamentar? Impossível estimar.

Comer é muito mais do que ingerir alimentos. A comida tem a capacidade de nos conectar com os melhores momentos de nossas vidas, de nos fazer viajar no tempo e retornar à infância, por exemplo. Também nos conecta com pessoas amadas, como nossas queridas mães. Faça um experimento: abra um pote de canela, feche os olhos e sinta seu aroma. Que lembranças surgiram? Muitas pessoas lembrarão de comidas preparadas pela mãe… como aquele arroz-doce polvilhado delicadamente com canela e servido aos domingos com a família ao redor da mesa.

Compartilhar o comer e o preparo da comida é uma forma simples e profunda de criar e cultivar as relações entre pessoas que se gostam. Porém, no mundo globalizado, em que os alimentos ultraprocessados, “prontos pra consumo”, tomaram conta de nossas casas, a comida de verdade, preparada com cuidado pela mãe e pela família, perdeu espaço. E as perdas são irreparáveis… mas não estamos falando “apenas” da perda de nutrientes, estamos falando da perda de conversas à mesa com a família, do sabor incomparável da comida fresca, do comer com calma apreciando aroma e sabor da comida, de vivenciar momentos que serão recordados com os netos, das receitas de família transmitidas de geração para geração e que serão esquecidas, ou seja, da perda de história, cultura, tradição, sabedoria, prazer, afeto e saúde.

Homenageando a comida de mãe

Apesar de estarmos homenageando a “comida de mãe” nossa intenção não é reforçar a ideia antiquada de que “lugar de mulher/mãe é na cozinha” e de que as mães modernas devem abandonar suas conquistas sociais e voltar a cozinhar para a família. Pretendemos apenas incentivar o resgate do papel social e cultural da comida e do ato de comer em família. Mas, se a ideia não é a mãe voltar para a cozinha, como vamos construir novas memórias com “comida de mãe”?

Acreditamos que, para que nossos filhos possam criar memórias afetivas com o comer em família, é preciso substituir a “comida de mãe” pela “comida com a mãe”, “comida de pai” ou “comida da família”. O mais recente Guia Alimentar para População Brasileira do Ministério da Saúde reforça que, hoje, mais do que nunca, a comida é responsabilidade de todos os moradores da casa, não apenas da mãe/mulher, e que todos devem compartilhar as atividades que precedem e sucedem o momento das refeições.

É importante ressaltar que compartilhar o preparo da comida com os outros membros da casa não desvaloriza a mãe que gosta de cozinhar para a família ou a “comida de mãe”, pelo contrário, a participação de toda a família nas atividades de planejar as refeições, comprar, preparar e servir a comida, até arrumar a cozinha, proporciona momentos adicionais de convívio familiar, e, com isso a construção de mais memórias afetivas ligadas à mãe, à família e à comida, sem sobrecarregar ninguém para isso.

Valorize o ato de comer à mesa

Se você é mãe e não gosta de cozinhar ou não tem muitas oportunidades de cozinhar com e para seus filhos, cozinhe quando for possível, mesmo que esporadicamente, e valorize o ato de comer à mesa com eles. E, quando possível, resgate, prepare e ensine a preparar as receitas de sua família, compartilhando também suas memórias construídas em torno dessa receita. Se você é filho ou filha, cozinhe com ou para sua mãe, ou apenas observe-a cozinhando e pergunte curiosamente se ela gosta de cozinhar, com quem ela aprendeu suas receitas e aproveite o momento para uma boa conversa!

Esse texto foi escrito com carinho em homenagem ao Dia das Mães para todas as mães, especialmente àquelas que tem oportunidade de cozinhar e comer com seus filhos e, com isso, contribuir para a construção de lindas memórias afetivas em torno da comida e do ato de comer.

Dúvidas ou sugestões? Escreva para nós: neusa@nbnutricao.com.br e bianca@nbnutricao.com.br. Até o próximo encontro!

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