Ser sustentável: será que as escolhas alimentares que fazemos são conscientes? Cada pequena escolha em nossa alimentação pode ter um impacto maior ou menor em nosso ambiente e, consequentemente, em nosso futuro.
No dia 05 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente e gostaríamos de aproveitar a data para provocar reflexões sobre o impacto que nossas escolhas alimentares podem ter no meio ambiente e em nossa vida. Será que nossas escolhas são sustentáveis? O que é ser sustentável?
Tão atual e tão pouco compreendido, o conceito de desenvolvimento sustentável nasce para se opor ao modelo de industrialização e crescimento econômico que desconsidera nossos recursos naturais como finitos e à exclusão social, que na maioria das vezes acompanha esse modelo. Uma de suas primeiras definições surgiu em um encontro realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 80, como “um novo caminho de progresso social, ambiental e econômico que procura atender às aspirações do presente sem comprometer a possibilidade de atendê-las no futuro”.
Ou seja, trata-se de rever nossas relações de consumo e avaliar o custo ambiental, humano e financeiro de tudo o que consumimos: comida, roupas, eletrônicos, etc. Sendo assim, para ser sustentável é importante comprar e usar o que a gente realmente necessita, evitando excessos ou desperdícios, a partir de formas de produção e relações entre as pessoas que sejam justas, em um processo de autonomia e construção de cidadania, em prol de escolhas conscientes e da conservação da vida.
Pensando agora em nossa alimentação, comer de forma mais sustentável significa olhar para toda a cadeia de produção, distribuição e consumo dos alimentos e identificar como potencializar ao máximo a utilização dos recursos disponíveis e diminuir o desperdício em cada escolha que fazemos. Desde a receita escolhida para o almoço, o local de compra da comida, a quantidade de gás utilizado para cozinhar, a quantidade de água gasta para lavar a louça, até o descarte dos alimentos que sobraram, em todas essas situações é possível fazer escolhas mais sustentáveis.
E por que devemos nos importar com isso?
Alguns argumentos para termos uma alimentação mais sustentável são: ter um consumo consciente, no qual eu decido o que é melhor pra mim e assumo a responsabilidade pelas minhas escolhas; proteger nossos recursos naturais finitos; reduzir a geração de lixo; resistir à mídia e à propaganda da indústria de alimentos que induzem a comer ou beber o que não gostaríamos ou precisaríamos; economizar dinheiro e tempo comprando coisas e comidas que não preciso de verdade; substituir necessidades emocionais por comida nos leva a comer mais do que precisamos; evitar o consumo excessivo de comida que pode levar ao ganho de peso e às doenças crônicas associadas; conviver de forma mais harmônica com a natureza; deixar um planeta melhor para seus filhos e netos, dentre muitos outros.
Fazer escolhas mais sustentáveis na alimentação é uma forma de nos posicionarmos politicamente em relação ao que queremos para nossas vidas.
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Os clássicos 3 Rs da sustentabilidade (reduzir, reutilizar e reciclar) nos ajudam a criar estratégias para fazer escolhas alimentares mais sustentáveis, que sejam possíveis dentro da realidade de cada um. Existe ainda a proposta de mais 2 Rs complementares: “repensar” (se realmente precisamos daquilo que vamos comprar ou consumir) e “recusar” (alimentos que venham em embalagens não recicláveis ou de empresas que não considerem a sustentabilidade em sua produção/atuação). Confira algumas formas de aplicar isso na alimentação:
Quanto mais natural e próximo da sua origem e quanto menos processos, recursos e tempo o alimento levar para chegar até a sua boca, mais sustentável (e nutritivo!) ele será. Quanto mais processado, menos sustentável. Prefira: grãos, raízes, tubérculos, farinhas, legumes, verduras, frutas, castanhas, leite, ovos e carnes frescas;
Eles têm custo ambiental bem menor do que a produção dos alimentos de origem animal, como carnes, ovos, leites e derivados, além de auxiliar no melhor funcionamento do corpo e na proteção de várias doenças. Compre verduras, legumes e frutas da época (são os que estão mais baratos e saborosos!), inclua pelo menos uma ou mais fruta, verdura ou legume em suas refeições, sempre que possível, e prefira as opções orgânicas e agroecológicas;
Faça lista de compras semanais com as quantidades de alimentos que realmente precisa; observe as datas de validade ao comprar os alimentos e compre àqueles com prazo de validade maior; cozinhe mais e desembale menos; aproveite o alimento como um todo (cascas, talos, folhas); congele ou reutilize no dia seguinte as sobras das preparações feitas hoje; analise sua fome antes de se servir, optando por colocar sempre menos do que mais, para evitar o consumo excessivo ou a geração de lixo.
Para obter mais informações, confira o livro de Receitas de aproveitamento integral dos alimentos elaborado pelo SESC, para evitar jogar fora dinheiro, nutrientes e sabor no lixo.
Deixamos também ideias de nomes de preparações geniais para incentivar sua criatividade na cozinha usando as sobras de alimentos: Arroz Rest’Dontê, Mexidinho Com Tudo Dentro, Torta Sorobô, Farofa Rica, Sopa JáTeVi, Sanduíche Tá com tudo, Suco Interaço, e o que mais sua geladeira e imaginação permitir!
O importante é que cada escolha é uma nova oportunidade para sermos mais sustentáveis e contribuirmos com o futuro do meio ambiente e, assim, com o nosso próprio futuro. Portanto, escolha a opção mais sustentável, sempre que for viável para você e sua família!
Quem quiser saber mais, pode conhecer os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável apresentados pela ONU em 2015, com os quais os países devem se comprometer, sendo que alguns são diretamente ligados à alimentação e outros indiretamente, mas todos os objetivos visam garantir a sustentabilidade da nossa vida e das gerações futuras.
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