Numa crítica à teoria da felicidade, defende-se a tese de que os conceitos de “qualidade de vida” e de “felicidade com a vida” se assemelham, são ricos e bem articulados. Afirma-se que “felicidade com a vida” é uma experiência humana positiva, uma espécie de bem-estar (well-being) de segunda ordem, tendo a vida inteira como objetivo.
O importante é observar que, para que cada experiência seja positiva, o objeto precisa ser pensado como algo bom. A felicidade é diretamente dependente dos objetivos dos indivíduos, de forma que é impossível descrever a condição emocional de uma pessoa simplesmente enfocando sua condição externa: de fato, essas situações, de acordo com NORDENFELT (1994), podem ser definidas como welfare somente se elas contribuírem para o well-being das pessoas (a relação lógica, não impírica). A felicidade é assim definida como uma emoção derivada do equilíbrio entre o desejo de uma pessoa, suas condições de vida e como ela as percebe (felicidade como equilíbrio). A felicidade tem diferentes graus, que vão desde a máxima infelicidade até a máxima felicidade, dependentes do número de vontades e objetivos alcançados, ou do alcance das vontades e dos objetivos mais importantes, hierarquizados pelos indivíduos.
O meio ambiente, que é formado pelos ambientes cultural e psicossocial, influencia nossa vida de maneiras diferentes, oferecendo oportunidades diversas. Mesmo sendo uma “plataforma para nossas ações”, limita nossos objetivos de vida na medida em que não podemos ou não conseguimos fazer qualquer coisa em lugar nenhum.
NORDENFELT considera que o meio externo, as condições internas e as atividades das pessoas constituem seu welfare, que vai resultar em bem-estar ou mal-estar. E conclui que a felicidade e, consequentemente, a “qualidade de vida”, são noções subjetivas, cuja medida é muito difícil, se não impossível, de precisar.
O artigo Os modelos das relações sociais predizendo o bem-estar (well-being) dos idosos aponta para um impressionante corpo de evidências encontrado para explicar o significado das relações sociais para o bem-estar em um estudo que utilizou uma amostra representativa de idosos do norte da Califórnia, nos EUA. Os autores concluíram que as relações sociais são um indicador importante da felicidade, mesmo sob o efeito de características relacionadas, indicando ajustamento emocional para os eventos ligados à idade, como a viuvez e a aposentadoria.
A convergência dos resultados para as consequências benéficas das relações sociais entre os idosos estimulou o interesse em intervenções na rede de suporte social, visando melhorar a saúde e o bem-estar psicológico.
Esse estudo ajuda-nos a compreender a afirmação de NORDENFELT referente ao fato de que as “condições externas que trazem felicidade são as que contribuem para a realização dos objetivos pessoais”.
Entende-se que, uma vez que os idosos do estudo priorizam a convivência, eles se sentem felizes porque esse objetivo foi preenchido, proporcionando-lhes bem-estar, apesar de não terem alcançado outros objetivos, como boas condições de saúde, que foram menos prioritários.
Resumo deste artigo: simplesmente conviva mais! Interaja mais com as pessoas e com a Sociedade. Sua felicidade agradece!
Fonte: Qualidade de Vida do Idoso – Sandra Márcia Lins de Alburqueque
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